terça-feira, 10 de junho de 2014

O inimigo interno − Se querem cutucar o dragão e o urso... CUIDADO!




6-8/6/2014, [*] Andre VitcheckCounterpunch,
Traduzido por mberublue

O dragão enfrenta o neonazismo...
Não é prudente nem seguro enfiar barra de ferro em brasa em boca de dragão. Digam o que disserem no ocidente sobre dragões, aqui na Ásia, o dragão é venerado, a mais poderosa entidade da terra e do céu. Paciente e sensato, o dragão quase nunca usa a força em primeiro lugar. Mas se desrespeitado ou agredido, pode acontecer de ele revidar de forma determinada, forte, perigosa, mortal.

Aterrorizar urso que dorme também é modo bem estúpido de agir. É evidente que se você desce até a caverna de um urso que hiberna e põe-se a lhe cutucar a cabeça, que, pelo menos, não espere coisa boa, quando o urso acordar.

Ocorre que aparentemente a prudência não é obsessão dos que comandam atualmente o império. Mesmo envolvidos sem parar em pequenos conflitos por todo o globo terrestre, agora parece que se cansaram. A Líbia não foi o bastante, nem bastou o Congo. Eles querem coisa grande, mas grande de verdade; ainda maior do que já conseguiram há algumas décadas, como a destruição da Indochina inteira ou a ruína da Indonésia.

Agora, o império quer luta mortal com adversário poderoso que valha a pena.

Quer cobrir o mundo inteiro com cadáveres insepultos, em vez de ajudar a construir um mundo pacífico decente. Se puder fazer isso desta vez, como fez há setenta anos, dezenas de milhões de pessoas, talvez muito mais, desaparecerão. Mais uma vez, aí estão um urso e um dragão, a bater de frente com o fascismo e lutar pela sobrevivência do mundo.

Os uivos insanos da divulgação manipulada de fatos e ideias anti-Rússia e anti-China vêm atingindo nível ensurdecedor, especialmente na Ásia. Os meios de comunicação ocidentais disseminam mentiras, de maneira ostensiva, tanto pelos seus próprios veículos como também por suas afiliadas nos estados que as hospedam e que são, na sua maioria, propriedade de grandes empresas.

Agora, Rússia e China estão sendo vilipendiadas, insultadas abertamente e responsabilizadas pelo aumento das tensões na região da Ásia e do Pacífico, e também pela escalada militarista. Toda a máquina de divulgação do ocidente está agora trabalhando para demonizar China, Rússia e qualquer outro país independente que a máquina considera oponente.

O urso russo acordou na Crimeia...
O ocidente está levando o mundo à guerra e a todas essas consequências. Só com muito esforço, para não ver isso. Na frente das câmeras de televisão, desfilam políticos, um após o outro, jurando fidelidade ao capitalismo, ao modo de vida ocidental, ao regime, ou simplesmente ao império. Todos esses discursos inflamados e depreciativos contra os que consideram “inimigos” são vergonhosos e transparentes, mas ninguém ri deles, nem na América do Norte nem na Europa, pois já estão virando norma.

A coisa pode levar a uma guerra mundial, alertam muitos, para os quais o ocidente perdeu completamente o controle e está pronto a promover um banho de sangue planetário, mais uma vez. Há um quarto de século, as aparências indicavam que, com a quebra do bloco do leste europeu, e com a China aparentemente seguindo curso cada vez mais capitalista, o ocidente teria conseguido finalmente aquilo pelo qual lutou durante séculos: total e absoluto controle do planeta inteiro.

Mas recentemente, alguma coisa deu errado nos planos ocidentais. A América Latina cresceu, e a maior parte dela se libertou, abandonando a Doutrina Monroe. A China começou a implantar reformas socialistas nos serviços médicos, culturais, educacionais e em muitas outras esferas. Já a Rússia, não se deixou intimidar ou humilhar, lembrando tanto à Europa quanto aos EUA que ainda é forte como sempre foi e não será pisada e humilhada como aconteceu antes, nos governos de Gorbachev e Yeltsin.

Irã e Coréia do Norte (que jamais atacaram país algum, na história moderna) perceberam que a única maneira de não serem reduzidos a pó e sobreviver é ter e desenvolver capacidade nuclear. Assim, todas essas nações, e são várias na América Latina, além de China, Rússia e Irã, decidiram juntar forças e dizer: “nunca mais”.

Nunca mais permitir que o mundo desça ao horror do colonialismo ocidental.

O sonho dourado do ocidente, de um mundo sem regras e sem oposição, começa a desvanecer-se no ar. Será que o ocidente se arriscará a destruir o planeta, só porque não será ele o único dono

Em 31 de maio de 2014, a agência de notícias Canadian CBC News noticiou que “Stephen Harper atacou Vladimir Putin e o mal do comunismo”, referindo-se ao “longo discurso inaugural” que o Primeiro Ministro canadense de direita proferiu em evento para angariar fundos em Toronto. A linguagem do discurso “lembra o auge da Guerra Fria”.

Stephen Harper, o mentiroso

O presidente dos Estados Unidos, de longe o país mais agressivo na Terra, grotescamente prometeu “parar a agressão” da Rússia e da China, dois países que não invadiram nenhum outro país nas últimas décadas.

Em discurso cuidadosamente pensado para provocar a China, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, falou mais como delinquente, que como autoridade de estado: “os Estados Unidos não desviarão o olhar, quando princípios fundamentais da ordem internacional estão sendo desafiados”.

É o caso de perguntar: Mas, afinal, que ordem? Estaria falando da ordem imposta por todo o mundo por Washington e as capitais europeias, ao longo de séculos, à custa de centenas de milhões de vidas humanas? Bela ordem!

Christopher Black, advogado especialista em Direito Penal Internacional, com escritório em Toronto, analisou a fala de Hagel:

O discurso do presidente Barack Obama na academia militar de West Point, que teve como fulcro a política americana, que seria destinada a conter a “agressão” de Rússia e China, foi imediatamente seguido pelo Secretário da Defesa Hagel em Cingapura, no qual acusou a China de desestabilizar a região do Mar do Sul da China, e foi acertadamente caracterizado pelo tenente-general, Wang GuanZhong como cheio de “ameaças e intimidações”. Mas aquele discurso manifesta a clara intenção dos Estados Unidos de fazer guerra contra os dois países poderosos, os quais, atrevidamente, estão-se desenvolvendo independentemente do domínio norte americano.

Christopher Black
Desde a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos têm atacado a China em várias ocasiões; primeiro na Guerra da Coréia; depois, foram décadas de tentativas de sabotagem e isolamento, culminando com o bombardeio da embaixada chinesa pela OTAN em Belgrado, em 1999. Atualmente, a pressão continua mediante a tentativa de desestabilizar a China por dentro, por vários mecanismos de infiltração de grupos de “direitos humanos” na sociedade chinesa e mesmo no contexto dos mecanismos administrativos e no exército chineses e de uma propaganda política constante a fim de difamar a China e seu povo ao redor do mundo. O impulso desta estratégia foi recentemente incrementada como os recentes ataques de grupos fanáticos muçulmanos do oeste da China contra cidadãos chineses nas principais cidades e centros de transporte. Além disso, houve ataques de provocação contra interesses chineses no Vietnã, na Tailândia, nas Filipinas e na África, finalizando com a recente e absurda acusação contra oficiais militares chineses por supostos ciberataques.

Eventos recentes na Ucrânia mostram o ritmo acelerado e agressivo das tentativas de cercar completamente a Rússia e a China, com avanço da OTAN na direção das fronteiras russas, e ao reposicionarem-se cerca de 60% dos ativos militares dos Estados Unidos no Pacífico.

Até aí, nada de novo sob o Sol. Mais uma vez, os agressores culpam as vítimas, pela “agressão”. A Alemanha nazista e seus propagandistas usaram a mesma “lógica” e os mesmos “argumentos”, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Os franceses também usaram a mesma técnica na Argélia e em outras colônias, da mesma forma que os britânicos em todos os seus “protetorados”.

Na Ásia, a imprensa é servil e zelosa de sua vassalagem, a tal nível que muitas vezes supera as ordens recebidas dos amos ocidentais, manipulando as notícias ainda mais que aqueles.

Samuel Locklear III
O jornal The Star Filipinas, em 25/5/2014 pôs-se a agredir a China, desta vez citando palavras do Almirante Samuel Locklear III, comandante das forças norte-americanas no Pacífico, para o qual “a Rússia faz seu próprio pivô para a Ásia”. E o jornal publicou o que seriam suas próprias brilhantes peças de análise: “Fontes oficiais disseram que a incursão russa na Ucrânia tem preocupado Washington no sentido de que a China pode tentar algo semelhante, à guisa de proteção aos seus cidadãos no exterior”.

Como assim? Que “incursão russa na Ucrânia”? Soa parecido demais com a propaganda política manipulada publicada todo santo dia nas páginas da imprensa diária ocidental, nos EUA e a Europa. Depois de quinze anos trabalhando na região, sou obrigado a testemunhar, depois de interagir com centenas de pessoas da mídia do sudeste asiático, que o que acima se lê não foi escrito por jornalista local. O conhecimento sobre a Europa ocidental beira o zero absoluto por aqui. Alguém de fora escreveu aquela matéria. Quem? Nós todos sabemos. Vem da mesma fonte, que manda trolls para atacarem todas as matérias que envio para transmissão por rádio.

Além do mais, na mais espantosa unanimidade, toda a imprensa filipina, de repente, chegou à conclusão de que os Estados Unidos não têm outra coisa a fazer a não ser expandir-se militarmente... por causa dos “agressivos movimentos chineses”. Praticamente todos os jornais mencionam o alto custo que os EUA suportam, com suas bases militares na região; e argumentam a favor de que haja novas “bases-eixo”, mantidas pelos países locais, mas a serem usadas pelas forças dos EUA. Tais bases também se localizam nos territórios da Austrália e do Japão e possivelmente em Cingapura e na Tailândia, assim como na Malásia.

Com certeza agora a Tailândia já estaria “segura”, depois que o exército matou milhões de pessoas na região por conta do ocidente, derrubando o governo progressista e democraticamente eleito e assumindo o controle do país. Bem oportuno esse golpe, não é?

Mas isso ainda não é o bastante. Não basta ter várias bases na África, no Oriente Médio, no Japão, na Oceania e em alguns estados vassalos que sobraram na América Latina. O problema é que esses países estão longe dos alvos prioritários... Rússia e China.

A mídia tradicional das Filipinas não se preocupa sequer em questionar, um pouco que seja, a integridade de acordo militar assinado nestes termos, que violam diretamente a Constituição da nação. Acontece que os jornalistas do sudeste asiático são pagos para escrever o que a elite e os patrões do estrangeiro os mandam escrever.

Eduardo Tadem, professor de estudos asiáticos da Universidade das Filipinas, nos explicou numa recente conversa em Manila:

O acordo recentemente assinado entre as Filipinas e EUA é chamado EDCA (Economic Defense Cooperation Agreement – Acordo Econômico de Cooperação para a Defesa). Mediante este acordo, o governo das Filipinas oferece aos soldados dos EUA, por período de dez anos, acesso total a virtualmente todas as bases militares das Filipinas. Mas na realidade não se sabe por quanto tempo... A situação é muito perigosa, dado que todas as instalações militares das Filipinas já estão agora abertas para a “entrada” das forças dos EUA. Com certeza, isso vai contra as determinações da Constituição Filipina, que barra o estabelecimento de qualquer força estrangeira dentro de nosso território.

Eduardo Tadem
Na realidade, o que aconteceu? Por que mudança tão repentina?

Tem a ver com certos fatores. Um deles, é claro, é o chamado “pivô” dos EUA para a Ásia. Sob o regime Obama, existe uma estratégia de “pivoteamento para a Ásia”. Segundo, há também a proposta do acordo chamado parceria Trans-Pacífico dos Estados Unidos; o qual visa à construção e à integração de uma espécie de mercado na região da Ásia e do Pacífico. E a Tailândia ainda não é parte desta parceria... Por fim, o terceiro item tem a ver com as disputas territoriais que estão acontecendo no Mar do Sul da China e no Mar do Norte da China.

China

Trata-se também de uma questão de nacionalismo, somado ao fato de que aqui eles estavam sempre pedindo por mais assistência, inclusive militar. A maneira de conseguir essa ajuda é esta. Lembre-se também que o presidente das Filipinas é constantemente apoiado pelos EUA. Você deve ter visto uma pesquisa que mostra que a população da Filipina ama os EUA mais que os próprios norte-americanos. Assim, para os americanos foi fácil conseguir aqui o apoio para a sua política para a China.

Perguntei a Teresa Tadem, professora de Ciência Política da Universidade das Filipinas, como ao professor Eduardo Tadem, como é possível que um país, as Filipinas, que sofreram sob uma ocupação severa pelos EUA durante a era colonial, com violações dos direitos humanos, massacres... Como é possível que, nesse país, haja sentimentos tão positivos em relação ao antigo e brutal colonizador?

Teresa Tadem
Tem a ver com o uso de forma intensa da máquina de propaganda política americana, que mostra a era colonial como tempos de colonialismo tipicamente benevolente. As atrocidades cometidas durante a guerra dos EUA contra as Filipinas, em 1898-1901, quando um milhão de filipinos foram massacrados, o que compunha então cerca de dez por cento da população, desapareceram lentamente da consciência das pessoas... O genocídio, as torturas. As Filipinas eram conhecidas como “o primeiro Vietnã”. Tudo isso tem sido sistematicamente apagado, esquecido convenientemente dos livros de história. Além disso, somos bombardeados com as histórias de Hollywood e a imagem que mostram dos EUA.

Se é perigoso antagonizar a China, e mesmo a Rússia? Durante séculos, a China tem sido país realmente pacífico, e assim continua em nossos dias. Muitos filipinos vieram da China, que é aliado histórico natural. Enquanto o ocidente está bombardeando, liquidando e destruindo países, derrubando governos, se a China tira uma plataforma de extração de petróleo de águas disputadas e dispara canhões de água contra alguns navios, já é imediatamente chamada de agressora.

Tudo se resume, mais uma vez, à propaganda política manipulada.

A China é retratada como comunista, e por estas bandas sempre se atribuiu uma conotação negativa a essa palavra, disse a professora Teresa Tadem.

O país mais perigoso da Terra atualmente, é para mim, os EUASempre foi o mais agressivo... Intervindo em muitos países ao redor do mundo, a milhares de quilômetros de sua costa, para tentar impor no planeta sua visão de um sistema global capitalista. Então, se você precisar o que a China está fazendo nos arredores de seu território e comparar com o que os Estados Unidos fazem no mundo inteiro em várias partes do mundo, em todos os continentes... Você verá claramente a disparidade na imagem que se está criando, impingindo à China o rótulo de ameaça à paz no mundo - continuou Eduardo Tadem..

Os dois professores expressam assim a sua profunda preocupação sobre o fato de que a propaganda política do ocidente está disparando a sinofobia entre os filipinos e em outros povos asiáticos. Para eles, os EUA estão implantando a ideia de ultranacionalismo, que facilmente se transforma em fascismo. Muito perigoso, segundo os professores – plantar sementes de sinofobia no continente asiático.

Podemos chegar a um ponto de não retorno.. Meu medo é de que seja exatamente isso o que está acontecendo neste mesmo instante nas Filipinas, bem como em outras partes da Ásia, onde disputas territoriais têm acontecido, explica Eduardo Tadem.

Lógico que a sinofobia sozinha não levará à destruição do mundo, mas também é certo que pode fazer parte desse acontecimento. Os mestres ocidentais de propaganda política manipulada estão plantando o ódio contra a Rússia como se pode ver claramente no seu programa como um todo. Os irracionais discursos anti-Rússia disparados por Stephen Harper, do Canadá, bem como de políticos da Polônia e do Báltico parecem levar a um resultado assustador: a fabricação artificial de uma espécie de “racismo” contra nações que se coloquem no caminho dos Estados Unidos e da Europa em seus planos de dominação mundial.

Desumanizar o “inimigo”, insuflando sentimentos racistas e pejorativos em relação a eles é o primeiro passo da “arte” ocidental da guerra, o primeiro passo que pode levar a um confronto total.

Por tudo isso, temos de exigir informação aproveitável sobre o que se passa.

E já há quem começa a questionar.

Geoffrey Gunn, proeminente historiador australiano e professor emérito da Universidade de Nagasaki no Japão, enviou-me o seguinte comentário:

Geoffrey Gunn
Em grandes manchetes, a mídia internacional chama a China de “grande ameaça!”. Mas afinal, quem provoca? Observamos o primeiro ministro japonês em Singapura (30 de maio/2014) se oferecendo para liderar uma coalizão internacional para verificar a extensão da “agressão” chinesa, prestativamente oferecendo navios de guerra “de qualidade” para países interessados como Filipinas e Vietnã. É uma loucura, vinda de uma nação sem exército oficial, que agora pensa desfazer-se de sua “Constituição da Paz”. Enquanto isso, o governo neocon da Austrália se excede na retórica de alinhamento subserviente, tecendo armadilhas junto com o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, ao oferecer seu próprio pivô para o Mar do Sul da China. Quero é ver os nacionalismos asiáticos (China, Vietnã, Japão, Coreias) resolverem por si mesmos, diplomaticamente, os próprios problemas – afinal, o Império do Meio está no mesmo lugar há milênios – deixarem de lado os forasteiros, obrigarem os militares a olhar com cuidado onde pisam e deixarem a China crescer em paz.

Do Vietnã, triste com a nova onda de hostilidades entre dois vizinhos comunistas, Vietnã e China, um renomado artista ocidental que não quis se identificar, explicou a situação:

Tenho certeza de que o ocidente está encantado com o rumo que tomam os acontecimentos e fará o possível para aumentar ainda mais a fissura entre a China e o Vietnã. Claro que vem a calhar para o pivô para a Ásia e outras agendas ruins da OTAN e dos EUA. Os vietnamitas apenas estão irritados com a posição de força tomada pela China, e é normal que estejam. O primeiro ministro do Vietnã tem enviado mensagens de texto pela rede móvel alertando as pessoas para não darem ouvidos a “bandidos” e protestarem apenas dentro da lei nacional e internacional...

É surpreendente o quão audacioso vai-se tornando o Vietnã, considerando-se que faz atualmente o mesmo que a China: perfura poços em área disputada.

Muitas pessoas entendem que as tensões entre China e Vietnã remontam à época da expedição punitiva chinesa contra o Vietnã (que em seguida entrou no Camboja e depôs o Khmer Vermelho) conhecida como a Guerra Sino-Vietnamita de 1979. É quase nonsense o quanto o Vietnã é duro contra a China e como se reconciliou facilmente com os Estados Unidos.

Cerca de 10.000 civis vietnamitas perderam a vida durante a guerra sino-vietnamita – número nada insignificante. Mas não se pode sequer comparar com os milhões de cidadãos do Vietnã que foram massacrados na “Guerra Americana” (ou “Guerra do Vietnã”, como é conhecida no ocidente). No transcorrer da Guerra Americana, cidades inteiras foram reduzidas a ruínas, campos foram envenenados, mulheres foram estupradas e muitas pessoas foram queimadas por napalm e outros produtos químicos.

Assim como no caso das Filipinas, a crescente propaganda política do ocidente também apagou os horrores da mente das pessoas. Passei três anos em Hanói. Com cidadania americana, nunca foi hostilizado, sempre fui tratado com respeito e jamais ouvi um insulto. Bem diferente disso, hoje as empresas chinesas são atacadas e queimadas, e perseguem-se cidadãos chineses que são espancados e assassinados (como acontecidos no interior da China e também de Taiwan e noutros lugares).

Fang Fenghui
Enquanto isso, a rede Rússia Today relatou:

Ao visitar Washington, o general Fang Fenghui também culpou o “pivô” da administração Obama para a Ásia como a razão do aumento das tensões na região. Disse que algumas nações asiáticas usam essa mudança de estratégia para fomentar a discórdia nos mares do Sul e do Leste da China.

Estaríamos sendo arrastados para um confronto final, para uma possível Terceira Guerra Mundial? Infelizmente, se levarmos em consideração as observações a partir da Ásia e do Pacífico, parece que sim, e bem visivelmente.

Christopher Black não tem dúvida de que antagonizar, provocar e insultar países poderosos e independentes como a Rússia e a China pode ser o próximo passo para a destruição total da raça humana na Terra:

Todas essas ações são preparação para a guerra. De fato, o posicionamento de baterias de mísseis antibalísticos na Europa Oriental é preparação para um primeiro ataque nuclear da Rússia. A implantação dessas baterias tem o único propósito de tentar interceptar um ataque retaliatório pelas forças nucleares russas, depois de um primeiro ataque dos Estados Unidos. Não há outro propósito ou finalidade. Estas preliminares para uma guerra de agressão, na realidade uma guerra nuclear, são clara violação da Carta das Nações Unidas e das leis internacionais e podem ser caracterizadas como crime de guerra. Mas, dado que os Estados Unidos jamais respeitaram qualquer lei internacional ou norma civilizada de comportamento, deve-se esperar que prossigam estas preliminares para a guerra nuclear.

A humanidade espera impotente, à beira da aniquilação, e só porque os EUA insistem em buscar lucro ilimitado. São os fundamentalistas e extremistas do sistema do capital.

Enquanto isso, cabe-nos confiar na hábil diplomacia de russos e chineses, no incremento do ritmo de sua cooperação bilateral com outros países e nos seus esforços para alcançar a cooperação multilateral do mundo inteiro a partir da América Latina, para a África, Europa e Ásia, que deverá mudar a dinâmica do poder mundial, pelo menos o suficiente para impedir que os norte-americanos e aliados alcancem seus objetivos. Só a cooperação multilateral dará aos povos do mundo uma chance de viver em paz e empregar suas energias não em guerras, mas na solução dos tantos problemas urgentes que a humanidade enfrenta.


[*] Andre Vltchek é romancista, cineasta e repórter. Cobriu guerras e conflitos em dúzias de países. Seu livro sobre o imperialismo ocidental no Pacífico Sul, Oceania foi publicado pela editora Lulu (VLTCHEK, André. Oceania, 2010. Sobre o livro, que tem prefácio de Noam Chomsky, ver em: Oceania by Andre Vltchek - Book Review by Jim Miles). É autor também deIndonesia – The Archipelago of Fear (Pluto), sobre a Indonésia pós-Suharto e o modelo de livre mercado fundamentalista. Depois de viver e trabalhar por muitos anos na América Latina e Oceania, Vltchek vive e trabalha atualmente no Leste da Ásia e África. Pode ser encontrado por sua página na Internet
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Outras matérias relacionadas podem ser lidas no blog redecastorphoto

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Últimas Notícias
Publicada em 09 de Junho de 2014


Os intensos bombardeios do Exército ucraniano nas últimas 48 horas converteram em ruínas a cidade de Slavyansk, no norte de Donetsk, onde automóveis, casas e lojas ficaram destruídos pelas chamas dos mísseis.

Vídeos postados na nternet e imagens das televisões captadas no local mostram uma cidade praticamente em ruínas, com centenas de edifícios ardendo devido ao fogo causado pelas explosões. 

Além das incursões dos aviões caças e dos golpes de artilharia pesada desde as colinas de Carachun, um dos pontos estratégicos controlado pelas forças regulares, os esquadrões da Guarda Nacional, com o emprego de francoatiradores, continuavam metralhando os povoados da periferia e o centro urbano, densamente povoado.

Representantes das milícias populares declararam à agência Itar-Tass que projéteis de grosso calibre impactaram sobre numerosas casas, restaurantes, uma fábrica de móveis e a empresa de comunicações.

Ao menos cinco mortos, entre eles uma menor, e dezenas de feridos entre a população civil foram o saldo dos ataques nas últimas horas sobre esta cidade, convertida em símbolo da resistência no Donbas à operação punitiva contra as regiões rebeldes do oriente ucraniano, desde meados de abril.
O prefeito de Slavyansk, Vyacheslav Ponomariov, comentou que o número de vítimas é tal que as ambulâncias não dão conta de cobrir todas as chamadas de emergência, reportou a televisão russa. 

Na cidade, estão em chamas fábricas, usinas e escritórios, os moradores locais reportaram a destruição parcial da igreja mais antiga da localidade, agregou Ponomariov, citado por vários meios de informação.

As milícias asseguraram que o exército ucraniano emprega na operação de assalto, para a tomada total de Slavyansk, os sistemas de foguetes Grad, de impacto letal e maciço, informou o canal Rússia 24.

Miroslav Rudenko, um dos líderes das milícias do Donbas, associou o recrudescimento dos ataques nesse território pelas forças de Kiev à posse do presidente Piotr Poroshenko, no último sábado (7).

Poroshenko, sublinhou Rudenko, deixou claro em seu primeiro discurso sua oposição à federalização, “um direito que nos nega, assim como em relação ao status federal do idioma russo”.

O novo presidente ucraniano deu a entender que não tem a intenção de um diálogo pleno com os habitantes do Donbas, e sua negativa a decretar um cessar-fogo é uma demonstração de suas intenções agressivas para com os moradores das Repúblicas de Donetsk e Lugansk, sentenciou o dirigente. Tal postura complica o caminho para uma solução pacífica do conflito.

Prensa Latina

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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sábado, 31 de maio de 2014

Patrocinador do golpe na Ucrânia é parceiro de assessor do tucano Aécio Neves --- Quem está financiando os movimentos contra a Copa no Brasil?

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28/5/2014

Armínio, em uma reunião social com o sócio George Soros, em Nova York, EUA
Armínio, em uma reunião social com o sócio George Soros, em Nova York, EUA
Por Redação, com agências internacionais - de Nova York, EUA, e São Paulo

Parceiro de Armínio Fraga neto, ex-presidente do BC e homem de confiança do presidenciável tucano, Aécio Neves (MG), o multimilionário norte-americano George Soros reconheceu, nesta quarta-feira, sua responsabilidade sobre o golpe de Estado na Ucrânia, aplicado pela ultradireita, com apoio de forças neonazistas. Fraga, que se propõe a colaborar na campanha de Neves, baseia-se na sua experiência como sócio de Soros em fundos de investimento. Soros admitiu ter contribuído com a extrema direita para a derrubada do regime democrático ucraniano e a implantação do governo de facto que assumiu em seguida.

Em entrevista à rede norte-americana de TV CNN, Soros afirmou que “uma das coisas que muitas pessoas reconhecem (sobre ele) foi o financiamento das atividades dos grupos dissidentes na Polônia e na República Checa”, o que provocou a pergunta seguinte, se ele estaria “fazendo coisas similares na Ucrânia”.

– Criei uma fundação na Ucrânia antes mesmo que o país declarasse sua independência da Rússia. Esta fundação está funcionando desde então e tem representado um papel importante nos acontecimentos atuais – revelou Soros.

No portal de internet InfoWars, reportagem publicada há alguns dias rompeu o cerco midiático em curso quanto à realidade na Ucrânia ao apontar a participação de Soros, em colaboração estreita com a Fundação Nacional para a Democracia (USAID, na sigla em inglês) – que assumiu parte das atribuições da Agência Central de Inteligência (CIA, também na sigla em inglês) – no golpe de Estado. O Instituto Republicano Internacional, a Casa da Liberdade (Freedom House) e o Instituto Albert Einstein também foram citados como cúmplices no financiamento e na derrubada de governos na Europa Oriental e na Ásia Central, logo após a dissolução da União Soviética.

Muitos dos participantes das manifestações em Kiev assumiram fazer parte de determinadas Organizações Não Governamentais (ONGs) responsáveis por treiná-los em táticas de guerrilha urbana, em numerosos cursos e conferências promovidos pela Fundação do Renascimento Internacional (IRF, em inglês), criada por Soros. A IRF, fundada e financiada pelo multimilionário, orgulha-se de ter feito “mais do que qualquer outra organização” para a “transformação democrática” da Ucrânia, afirmou.

A ação de Soros, no entanto, permitiu que ultranacionalistas passassem a controlar os serviços de segurança ucranianos, como a polícia e as forças armadas. Em abril, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e da Defesa, Andréi Parubiy, foi acusado por testemunhas de aceitar suborno da CIA para ajudar no combate àqueles que se opõem ao governo autoproclamado. Ainda segundo o InfoWars, a operação militar de Kiev, com seu caráter violento, incluindo o incêndio na sede de um sindicato em Odesa, no qual morreram mais de 80 pessoas, também pode ser atribuído ao ativismo de George Soros e das outras organizações ligadas à IRF.

Estas mesmas ONGs foram detectadas no Brasil com um serviço semelhante àqueles prestados pela IRF à ultradireita na Ucrânia. A ONG Brazil No Corrupt seria mais uma na lista de organizações patrocinadas por organismos internacionais para a promoção de atos de vandalismo e de violência nas manifestações de rua, principalmente agora, às vésperas da Copa do Mundo, no movimento #naovaitercopa. Compete, ainda, a estas organizações, o patrocínio de páginas nas redes sociais, como a TV Revolta, entre outras, criadas para disseminar o ódio e promover a desestabilização do governo instituído, em manifestações violentas nas principais capitais do país.


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PressAA Indica

Matérias relacionadas:

16/5/2014 

Por Redação, com ABr - de Brasília

As manifestações contra a Copa do Mundo, que ocorreram nesta quinta-feira em várias cidades do Brasil, ganharam repercussão internacional. O site do jornal espanhol El País traz hoje uma reportagem que diz que os protestos contra o Mundial se espalharam pelo Brasil. A publicação destaca que 50 cidades brasileiras convocaram manifestações e que, em São Paulo, os protestos foram impulsionadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que reivindicam mais moradias. O jornal ressalta ainda o clima de tensão na cidade e que houve queima de pneus e interrupção de algumas avenidas.

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Assaz Atroz

Quarta-feira, 21 de maio de 2014



Mobilizações e Lideranças

Guilherme Boulos é o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

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A terceira coisa que todos estão desesperadamente fingindo que não veem: a Ucrânia deixou de existir como país unitário e não voltará jamais a existir como tal.

O “ocidente” trabalha nesse horrendo experimento desde o final do século 16 os objetivos do “ocidente” não mudaram.

– criar uma “Ucrânia” anti-Rússia e anti-ortodoxa controlada pelo Vaticano e pela plutocracia ocidental. POR ISSO, enquanto os EUAinvestiram 5 bilhões de dólares para “democratizar” a Ucrânia, o “ocidente” gastou muito mais durante QUATRO SÉCULOS para destruir a Rússia e subjugar o povo russo. Essa é a razão pela qual o “ocidente” está tão firme e não se move um milímetro de sua posição, já arriscando tudo, na tentativa de impedir que seu velho projeto de 400 anos venha, de vez, abaixo.

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O blog do Nassif tem seu Ubaldo paranóico, inspirado no personagem do Henfil. Poderia esconder-se debaixo da cama mas ao invés disso prefere desautorizar teorias conspiratórias. E, com razão, não se conforma com o boato selvagem na internet de que o excelente livro Quem pagou a conta? – A CIA e a guerra fria da cultura, de Frances Stonor Saunders, prova que o Cebrap de FHC foi financiado pela CIA usando a Fundação Ford (FF).

O que me surpreendeu ao ser lançada a tradução brasileira desse livro, bem pesquisado, bem escrito e bem editado, foi o atraso de quase 10 anos no lançamento (minha edição em inglês é de 1999). Na ocasião, 2008, escrevi sobre o assunto, na Tribuna da Imprensa. Mesmo sem qualquer simpatia pelo PSDB ou pelo governo FHC, para mim estava claro que a FF, largamente citada, não era apontada ali como tendo canalizado dinheiro da CIA para grupos ou instituições no Brasil. O livro sequer levanta suspeita de que o Cebrap recebeu verbas da espionagem via FF.

A denúncia veio de alguém que fez a seguinte ilação: 1. o livro diz que a Fundação Ford era uma das instituições que canalizavam secretamente dinheiro da CIA para a área cultural, sem deixar impressões digitais da agência (o que é verdade); 2. o Cebrap tinha recebido recursos da Fundação em 1969 (o que é verdade); 3. logo, o Cebrap recebera dinheiro da CIA.

Ora, o Brasil e o Cebrap (ou FHC) não entraram na pesquisa de Saunders. O que a autora devassou pacientemente, com base em documentos até então protegidos pelo sigilo, foi o amplo esquema de corrupção – com verbas secretas via fundações legítimas ou entidades fantasmas – de intelectuais e instituições culturais. A CIA montou o esquema principalmente a partir do CCF (Congresso pela Liberdade Cultural), notório instrumento anticomunista da agência na guerra fria.


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Assaz Atroz

Domingo, 6 de setembro de 2009

Prosaico papiar de periodistas pauteiros da PressAA

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Plantonista da PressAA no Planalto: - O próprio ACM, que sabia das coisas, quando estava brigado com FHC mandava suas farpas pra cima do colega vendilhão da pátria. Foi o Malvadeza quem disse: “Ele nunca sofreu na ditadura. Ele era o homem da Mercedes-Benz no Chile, nunca foi um verdadeiro exilado”.

Paul Long: - Fernando Henrique exilado?! Isso é conversa fiada! Logo após o golpe que derrubou Jango, em 1964, o Coisa Ruim saiu por aí espalhando que estava sendo ameaçado de prisão e se escondeu no Guarujá. Daí viajou para o Chile, ficando por lá até 1967. Quando fez sua parte no trabalho sujo de alcaguete, se mandou para a França. Agora entenda por que ele voltou para o Brasil em 1968, muitos anos antes da anistia. Sacou?

Akadêmiko: - Claro, o sujeito não era perseguido político coisa nenhuma! Tinha trânsito livre... A sua volta em 1968 foi para disputar uma cátedra de ciência política na USP. Conseguiu. Mas tinha outras tarefas a executar na condição de xis-nove do regime linha dura. Por isso mesmo, os golpistas resolveram aposentar FHC. Foi aposentado compulsoriamente. Quer dizer, se fosse realmente um militante de esquerda, não teria sido aposentado, seria apenas barrado. Isso se não fosse preso e torturado.

Foca: - E quais eram as novas tarefas do Coisa Ruim?

Prosélito: - Angariar a simpatia da inlectualidade tupiniquim! Arregimentar intelectuais brasileiros para as fileiras dos entreguistas! O primeiro passo foi a criação do Cebrap, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, uma instituição financiada pela CIA, através da Fundação Ford, que, de cara, forneceu 180 mil dólares ao agente FHC. A pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders fala, no seu livro, em 145 mil, mas a primeira remessa foi mesmo de 180 mil. E hoje há quem calcule que o repasse total, durante alguns poucos anos, foi de 800 mil a 1 milhão de dólares. Não sei se a pesquisadora cita em seu livro, mas, além do Cebrap, o Coisa Ruim, na época, trabalhou no Centro de Estudos Latino-Americanos da Smithsonian Institution
Foca: - Smithsonian Institution?! Que diabos vem a ser isso? Deix’eu ver se encontro alguma coisa....

O Foca digita o nome da instituição e logo aparece a ficha na tela do monitor:

“A Smithsonian Institution (Instituto Smithsoniano) é uma instituição educacional e de pesquisa associada a um complexo de museus, administrada e fundada pelo governo dos Estados Unidos. Com grande parte de seus prédios localizados em Washington, DC, o instituto compreende 19 museus e sete centros de pesquisa, e tem 142 milhões de itens em suas coleções. A Smithsonian Institution foi fundada para a promoção e disseminação de conhecimento pelo cientista britânico James Smithson (1765-1829). No testamento de Smithson, ele declarou que se o herdeiro, seu sobrinho Henry James Hungerford, morresse sem deixar descendentes, o patrimônio dos Smithson deveria ser doado ao governo dos Estados Unidos para a criação de um "estabelecimento para a expansão e difusão de conhecimento entre os homens". Após Henry James morrer em 1835 sem deixar herdeiros, o presidente Andrew Jackson informou o Congresso do patrimônio de Smithson, que consistia de 100,000 moedas de ouro e 500,000 dólares (9,235,277 em valores de 2005). A Smithsonian Institution foi então estabelecida como um truste por uma lei do Congresso, sendo funcionalmente e legalmente um órgão do governo dos Estados Unidos.”

Arca d’Itam: - Engraçado, o Glauber Rocha denunciava tudo isso, ainda em 1969. Estive com ele, então, em Veneza, e viajamos juntos de carro, com Rosinha, até Paris. A tchiurma, principalmente cineastas, já avançava os primeiros ataques ao seu caráter e sanidade mental. Diziam que Glauber era louco! Depois nos revimos em Roma, na virada do ano, quando ele insistia, na casa do Barcelloni e nas conversas de restaurantes e bares, nas implicações do Cebrap com a Ford e a CIA.

Foca: - É o que falam até hoje sobre o Glauber, que ele era maluco, piradão, coisas assim...

Arca d’Itam: - E assim foi, no correr de 1970 a 71, período em que teve de reexilar-se e fazer filmes para comer, por sinal obras-primas, no Congo-Brazzaville, onde fez "Der leon has sept cabeças", e na Espanha, com a produção de "Cabezas cortadas". Sem ter nunca sabido que, na Tailândia dos anos 50 e 60, os agentes do Pentágono e da CIA eram pagos mediante o narcotráfico, acusava a introdução da maconha na mocidade de classe média, como coisa da colusão de ambos órgãos. De igual maneira, o Cebrap de FHC foi instituído com a grana dos EUA, a fim de conquistar a intelectualidade bempensante do Brasil e preparar uma alternativa civil para comandar o País, em seguida aos militares.

Fulirado: - E conseguiram?! Canalhas! Os descarados ainda querem voltar!

Arca d’Itam: - Glauber expressava essas coisas e deixou tudo por escrito. Vejo agora que a pesquisadora inglesa teve de muito investigar um assunto em que o grande cineasta se obstinava por espalhar, sem sucesso, suas conclusões "loucas", a ponto de vir a ser isolado da convivência com seus co-irmãos do Cinema Novo. Quando, em 1974, hipotecou solidariedade ao general Geisel, ele já se certificara que um Albuquerque Lima ou um Euler Bentes eram o que menos desejavam os falcões de Washington.

Retrô: - Só agora estou entendendo aquela atitude de Glauber em relação ao general Geisel, a quem ele chamou de “estadista”. Foi aí que o Jaguar barrou um artigo dele no Pasquim.

Arca d’Itam: É preciso que se perca de vez o tom jocoso dos que se referem a Glauber Rocha ou contam lances de sua vida, como se vê no já clássico "Glauber, o filme - Labirinto do Brasil", de Silvio Tendler. Ele jamais quis ser pesquisador ou estudioso, por metodologias de praxe, mas convém não ficar em brancas nuvens o que dizia.

Kon Kluzão: - Porra!, acho que já nem preciso ler o livro “Quem pagou a conta?”. Todo mundo já sabe a resposta, foi o povo brasileiro. A privataria que o Coisa Ruim promoveu só serviu para locupletar as novas revelações da corruptália e enriquecer ainda mais os que comeram no cocho da ditadura.

Editor-Assaz-Atroz-Chefe: - É preciso ler, sim! O livro revela muito mais do que foi dito e ouvido aqui. Nada de se sentir assaz esclarecido apenas através de conversas de botequim ou de um prosaico papiar de periodistas pauteiros da PressAA.



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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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