sábado, 31 de maio de 2014

Patrocinador do golpe na Ucrânia é parceiro de assessor do tucano Aécio Neves --- Quem está financiando os movimentos contra a Copa no Brasil?

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28/5/2014

Armínio, em uma reunião social com o sócio George Soros, em Nova York, EUA
Armínio, em uma reunião social com o sócio George Soros, em Nova York, EUA
Por Redação, com agências internacionais - de Nova York, EUA, e São Paulo

Parceiro de Armínio Fraga neto, ex-presidente do BC e homem de confiança do presidenciável tucano, Aécio Neves (MG), o multimilionário norte-americano George Soros reconheceu, nesta quarta-feira, sua responsabilidade sobre o golpe de Estado na Ucrânia, aplicado pela ultradireita, com apoio de forças neonazistas. Fraga, que se propõe a colaborar na campanha de Neves, baseia-se na sua experiência como sócio de Soros em fundos de investimento. Soros admitiu ter contribuído com a extrema direita para a derrubada do regime democrático ucraniano e a implantação do governo de facto que assumiu em seguida.

Em entrevista à rede norte-americana de TV CNN, Soros afirmou que “uma das coisas que muitas pessoas reconhecem (sobre ele) foi o financiamento das atividades dos grupos dissidentes na Polônia e na República Checa”, o que provocou a pergunta seguinte, se ele estaria “fazendo coisas similares na Ucrânia”.

– Criei uma fundação na Ucrânia antes mesmo que o país declarasse sua independência da Rússia. Esta fundação está funcionando desde então e tem representado um papel importante nos acontecimentos atuais – revelou Soros.

No portal de internet InfoWars, reportagem publicada há alguns dias rompeu o cerco midiático em curso quanto à realidade na Ucrânia ao apontar a participação de Soros, em colaboração estreita com a Fundação Nacional para a Democracia (USAID, na sigla em inglês) – que assumiu parte das atribuições da Agência Central de Inteligência (CIA, também na sigla em inglês) – no golpe de Estado. O Instituto Republicano Internacional, a Casa da Liberdade (Freedom House) e o Instituto Albert Einstein também foram citados como cúmplices no financiamento e na derrubada de governos na Europa Oriental e na Ásia Central, logo após a dissolução da União Soviética.

Muitos dos participantes das manifestações em Kiev assumiram fazer parte de determinadas Organizações Não Governamentais (ONGs) responsáveis por treiná-los em táticas de guerrilha urbana, em numerosos cursos e conferências promovidos pela Fundação do Renascimento Internacional (IRF, em inglês), criada por Soros. A IRF, fundada e financiada pelo multimilionário, orgulha-se de ter feito “mais do que qualquer outra organização” para a “transformação democrática” da Ucrânia, afirmou.

A ação de Soros, no entanto, permitiu que ultranacionalistas passassem a controlar os serviços de segurança ucranianos, como a polícia e as forças armadas. Em abril, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e da Defesa, Andréi Parubiy, foi acusado por testemunhas de aceitar suborno da CIA para ajudar no combate àqueles que se opõem ao governo autoproclamado. Ainda segundo o InfoWars, a operação militar de Kiev, com seu caráter violento, incluindo o incêndio na sede de um sindicato em Odesa, no qual morreram mais de 80 pessoas, também pode ser atribuído ao ativismo de George Soros e das outras organizações ligadas à IRF.

Estas mesmas ONGs foram detectadas no Brasil com um serviço semelhante àqueles prestados pela IRF à ultradireita na Ucrânia. A ONG Brazil No Corrupt seria mais uma na lista de organizações patrocinadas por organismos internacionais para a promoção de atos de vandalismo e de violência nas manifestações de rua, principalmente agora, às vésperas da Copa do Mundo, no movimento #naovaitercopa. Compete, ainda, a estas organizações, o patrocínio de páginas nas redes sociais, como a TV Revolta, entre outras, criadas para disseminar o ódio e promover a desestabilização do governo instituído, em manifestações violentas nas principais capitais do país.


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PressAA Indica

Matérias relacionadas:

16/5/2014 

Por Redação, com ABr - de Brasília

As manifestações contra a Copa do Mundo, que ocorreram nesta quinta-feira em várias cidades do Brasil, ganharam repercussão internacional. O site do jornal espanhol El País traz hoje uma reportagem que diz que os protestos contra o Mundial se espalharam pelo Brasil. A publicação destaca que 50 cidades brasileiras convocaram manifestações e que, em São Paulo, os protestos foram impulsionadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que reivindicam mais moradias. O jornal ressalta ainda o clima de tensão na cidade e que houve queima de pneus e interrupção de algumas avenidas.

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Assaz Atroz

Quarta-feira, 21 de maio de 2014



Mobilizações e Lideranças

Guilherme Boulos é o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

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A terceira coisa que todos estão desesperadamente fingindo que não veem: a Ucrânia deixou de existir como país unitário e não voltará jamais a existir como tal.

O “ocidente” trabalha nesse horrendo experimento desde o final do século 16 os objetivos do “ocidente” não mudaram.

– criar uma “Ucrânia” anti-Rússia e anti-ortodoxa controlada pelo Vaticano e pela plutocracia ocidental. POR ISSO, enquanto os EUAinvestiram 5 bilhões de dólares para “democratizar” a Ucrânia, o “ocidente” gastou muito mais durante QUATRO SÉCULOS para destruir a Rússia e subjugar o povo russo. Essa é a razão pela qual o “ocidente” está tão firme e não se move um milímetro de sua posição, já arriscando tudo, na tentativa de impedir que seu velho projeto de 400 anos venha, de vez, abaixo.

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O blog do Nassif tem seu Ubaldo paranóico, inspirado no personagem do Henfil. Poderia esconder-se debaixo da cama mas ao invés disso prefere desautorizar teorias conspiratórias. E, com razão, não se conforma com o boato selvagem na internet de que o excelente livro Quem pagou a conta? – A CIA e a guerra fria da cultura, de Frances Stonor Saunders, prova que o Cebrap de FHC foi financiado pela CIA usando a Fundação Ford (FF).

O que me surpreendeu ao ser lançada a tradução brasileira desse livro, bem pesquisado, bem escrito e bem editado, foi o atraso de quase 10 anos no lançamento (minha edição em inglês é de 1999). Na ocasião, 2008, escrevi sobre o assunto, na Tribuna da Imprensa. Mesmo sem qualquer simpatia pelo PSDB ou pelo governo FHC, para mim estava claro que a FF, largamente citada, não era apontada ali como tendo canalizado dinheiro da CIA para grupos ou instituições no Brasil. O livro sequer levanta suspeita de que o Cebrap recebeu verbas da espionagem via FF.

A denúncia veio de alguém que fez a seguinte ilação: 1. o livro diz que a Fundação Ford era uma das instituições que canalizavam secretamente dinheiro da CIA para a área cultural, sem deixar impressões digitais da agência (o que é verdade); 2. o Cebrap tinha recebido recursos da Fundação em 1969 (o que é verdade); 3. logo, o Cebrap recebera dinheiro da CIA.

Ora, o Brasil e o Cebrap (ou FHC) não entraram na pesquisa de Saunders. O que a autora devassou pacientemente, com base em documentos até então protegidos pelo sigilo, foi o amplo esquema de corrupção – com verbas secretas via fundações legítimas ou entidades fantasmas – de intelectuais e instituições culturais. A CIA montou o esquema principalmente a partir do CCF (Congresso pela Liberdade Cultural), notório instrumento anticomunista da agência na guerra fria.


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Assaz Atroz

Domingo, 6 de setembro de 2009

Prosaico papiar de periodistas pauteiros da PressAA

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Plantonista da PressAA no Planalto: - O próprio ACM, que sabia das coisas, quando estava brigado com FHC mandava suas farpas pra cima do colega vendilhão da pátria. Foi o Malvadeza quem disse: “Ele nunca sofreu na ditadura. Ele era o homem da Mercedes-Benz no Chile, nunca foi um verdadeiro exilado”.

Paul Long: - Fernando Henrique exilado?! Isso é conversa fiada! Logo após o golpe que derrubou Jango, em 1964, o Coisa Ruim saiu por aí espalhando que estava sendo ameaçado de prisão e se escondeu no Guarujá. Daí viajou para o Chile, ficando por lá até 1967. Quando fez sua parte no trabalho sujo de alcaguete, se mandou para a França. Agora entenda por que ele voltou para o Brasil em 1968, muitos anos antes da anistia. Sacou?

Akadêmiko: - Claro, o sujeito não era perseguido político coisa nenhuma! Tinha trânsito livre... A sua volta em 1968 foi para disputar uma cátedra de ciência política na USP. Conseguiu. Mas tinha outras tarefas a executar na condição de xis-nove do regime linha dura. Por isso mesmo, os golpistas resolveram aposentar FHC. Foi aposentado compulsoriamente. Quer dizer, se fosse realmente um militante de esquerda, não teria sido aposentado, seria apenas barrado. Isso se não fosse preso e torturado.

Foca: - E quais eram as novas tarefas do Coisa Ruim?

Prosélito: - Angariar a simpatia da inlectualidade tupiniquim! Arregimentar intelectuais brasileiros para as fileiras dos entreguistas! O primeiro passo foi a criação do Cebrap, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, uma instituição financiada pela CIA, através da Fundação Ford, que, de cara, forneceu 180 mil dólares ao agente FHC. A pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders fala, no seu livro, em 145 mil, mas a primeira remessa foi mesmo de 180 mil. E hoje há quem calcule que o repasse total, durante alguns poucos anos, foi de 800 mil a 1 milhão de dólares. Não sei se a pesquisadora cita em seu livro, mas, além do Cebrap, o Coisa Ruim, na época, trabalhou no Centro de Estudos Latino-Americanos da Smithsonian Institution
Foca: - Smithsonian Institution?! Que diabos vem a ser isso? Deix’eu ver se encontro alguma coisa....

O Foca digita o nome da instituição e logo aparece a ficha na tela do monitor:

“A Smithsonian Institution (Instituto Smithsoniano) é uma instituição educacional e de pesquisa associada a um complexo de museus, administrada e fundada pelo governo dos Estados Unidos. Com grande parte de seus prédios localizados em Washington, DC, o instituto compreende 19 museus e sete centros de pesquisa, e tem 142 milhões de itens em suas coleções. A Smithsonian Institution foi fundada para a promoção e disseminação de conhecimento pelo cientista britânico James Smithson (1765-1829). No testamento de Smithson, ele declarou que se o herdeiro, seu sobrinho Henry James Hungerford, morresse sem deixar descendentes, o patrimônio dos Smithson deveria ser doado ao governo dos Estados Unidos para a criação de um "estabelecimento para a expansão e difusão de conhecimento entre os homens". Após Henry James morrer em 1835 sem deixar herdeiros, o presidente Andrew Jackson informou o Congresso do patrimônio de Smithson, que consistia de 100,000 moedas de ouro e 500,000 dólares (9,235,277 em valores de 2005). A Smithsonian Institution foi então estabelecida como um truste por uma lei do Congresso, sendo funcionalmente e legalmente um órgão do governo dos Estados Unidos.”

Arca d’Itam: - Engraçado, o Glauber Rocha denunciava tudo isso, ainda em 1969. Estive com ele, então, em Veneza, e viajamos juntos de carro, com Rosinha, até Paris. A tchiurma, principalmente cineastas, já avançava os primeiros ataques ao seu caráter e sanidade mental. Diziam que Glauber era louco! Depois nos revimos em Roma, na virada do ano, quando ele insistia, na casa do Barcelloni e nas conversas de restaurantes e bares, nas implicações do Cebrap com a Ford e a CIA.

Foca: - É o que falam até hoje sobre o Glauber, que ele era maluco, piradão, coisas assim...

Arca d’Itam: - E assim foi, no correr de 1970 a 71, período em que teve de reexilar-se e fazer filmes para comer, por sinal obras-primas, no Congo-Brazzaville, onde fez "Der leon has sept cabeças", e na Espanha, com a produção de "Cabezas cortadas". Sem ter nunca sabido que, na Tailândia dos anos 50 e 60, os agentes do Pentágono e da CIA eram pagos mediante o narcotráfico, acusava a introdução da maconha na mocidade de classe média, como coisa da colusão de ambos órgãos. De igual maneira, o Cebrap de FHC foi instituído com a grana dos EUA, a fim de conquistar a intelectualidade bempensante do Brasil e preparar uma alternativa civil para comandar o País, em seguida aos militares.

Fulirado: - E conseguiram?! Canalhas! Os descarados ainda querem voltar!

Arca d’Itam: - Glauber expressava essas coisas e deixou tudo por escrito. Vejo agora que a pesquisadora inglesa teve de muito investigar um assunto em que o grande cineasta se obstinava por espalhar, sem sucesso, suas conclusões "loucas", a ponto de vir a ser isolado da convivência com seus co-irmãos do Cinema Novo. Quando, em 1974, hipotecou solidariedade ao general Geisel, ele já se certificara que um Albuquerque Lima ou um Euler Bentes eram o que menos desejavam os falcões de Washington.

Retrô: - Só agora estou entendendo aquela atitude de Glauber em relação ao general Geisel, a quem ele chamou de “estadista”. Foi aí que o Jaguar barrou um artigo dele no Pasquim.

Arca d’Itam: É preciso que se perca de vez o tom jocoso dos que se referem a Glauber Rocha ou contam lances de sua vida, como se vê no já clássico "Glauber, o filme - Labirinto do Brasil", de Silvio Tendler. Ele jamais quis ser pesquisador ou estudioso, por metodologias de praxe, mas convém não ficar em brancas nuvens o que dizia.

Kon Kluzão: - Porra!, acho que já nem preciso ler o livro “Quem pagou a conta?”. Todo mundo já sabe a resposta, foi o povo brasileiro. A privataria que o Coisa Ruim promoveu só serviu para locupletar as novas revelações da corruptália e enriquecer ainda mais os que comeram no cocho da ditadura.

Editor-Assaz-Atroz-Chefe: - É preciso ler, sim! O livro revela muito mais do que foi dito e ouvido aqui. Nada de se sentir assaz esclarecido apenas através de conversas de botequim ou de um prosaico papiar de periodistas pauteiros da PressAA.



(Para ler matérias completas, clique nos títulos)

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA


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domingo, 18 de maio de 2014

Guerras, assassinatos e sanções

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Guerras, assassinatos e sanções


17/5/2014, [*] John KozyGlobal Research
Traduzido por mberublue




“O líder do mundo livre” – é assim que os EUA gostam de chamar a si mesmos. Difícil atinar por que alguém acreditaria. Obviamente, as pessoas não são, por aqui, mais livres que em qualquer outra nação. Pergunte a um americano no que ele seria “mais livre” que qualquer cidadão da Holanda para fazer o que quiser; não espere nem conte com ouvir resposta muito significativa. Levando-se em conta apenas o tamanho do PIB, claro que os EUA são uma grande economia; nesse sentido, trata-se, afinal, de um grande país. Apenas Canadá e Rússia são maiores em extensão territorial, mas com populações menores. E os Estados Unidos nem são assim tão bem governados, lá que se diga! Enquanto uma minoria de americanos é obscenamente rica, outros mal ganham o suficiente para sobreviver. Embora a nação como um todo seja evidentemente próspera, grande parte da população é muito pobre. O poderio militar dos EUA é enorme; mas as vitórias militares, ínfimas!

Henry Kissinger
Henry Kissinger certa vez disse que :

(...) em minha vida, vi quatro guerras que começaram com grande entusiasmo e apoio público; em nenhuma delas sabíamos como terminar; e de três delas nos retiramos unilateralmente.

Perderam essas guerras. Mas não, ninguém “perde” guerras: o derrotado “retira-se unilateralmente”. Significa que um lado abandona a guerra sem pedir autorização para sair: isso, precisamente, significa “retirar-se unilateralmente”. Essas guerras, como soldados velhos, acabam, e pronto.

Umair Haque, Diretor do Havas Media Labs, e tido pela revista Thinkers50 como um dos mais influentes pensadores de gestão-management do mundo, escreveu na Harvard Business Review a seguinte descrição dos Estados Unidos contemporâneos:

Umair Haque
Os Estados Unidos são ricos em quê? Começam a parecer pobres, para as pessoas comuns. A infraestrutura dos EUA está ruindo. O sistema educacional dos EUA educa mal. O sistema de saúde dos EUA é simplesmente inexistente. Posso atravessar a Europa por trem de alta velocidade em oito horas; mal consigo ir de Washington a Boston em nove. Pior que isso: os EUA estão estragando seus suprimentos de água e comida mediante o envenenamento ininterrupto por energia poluente, enquanto o resto do mundo rico está trocando essa energia por outro tipo, renovável. Os Estados Unidos são flagrantemente deficitários em todos os serviços públicos de educação, saúde, transporte, energia, infraestrutura, para não dizer de outros, raramente listados, mas não menos importantes: parques, centros comunitários e serviços sociais.  

Assim, mesmo dizendo ser o líder do mundo livre e enquanto tenta ensinar ao mundo como governar, quando os EUA se olham para eles mesmos – o que só muito raramente fazem – veem um consumado idiota.

A política implementada continuará a mesma, por mais persistentemente se prove ser errada e ineficiente. A “guerra às drogas”, iniciada em 1971, tem sido tão desastrosa que vários estados já legalizaram substâncias ainda proibidas pelo governo federal. A dependência viciosa a políticas econômicas há tempos desacreditadas quebrou o mundo duas vezes nos últimos setenta anos. As ruas dos Estados Unidos viraram campo de batalha, porque não há via pela qual o país consiga derrotar o lobby da indústria de armas e não há meio que leve a aprovar qualquer medida que limite a propriedade de armas.

Por muito que os EUA sejam tolos nas políticas internas, é no trato com outros países que o horror aparece mais pleno. Considere-se, por exemplo, a política de chantagear outros países, para fazerem o que não querem fazer, mas interessa aos EUA que façam, usando, como arma de chantagem, as chamadas “sanções econômicas”.

Aplicar sanções é uma modalidade de guerra econômica e, como guerra real que é, os dois lados em luta sofrem baixas, sempre que um lado aplica sanções as quais, em teoria, deveriam ter efeito exclusivamente contra o outro lado.

Já se aplicaram e aplicam-se hoje sanções em, pelo menos, 25 “conflitos” internacionais. Nada, na lista do Departamento do Tesouro dos EUA, indica que a meta estabelecida teria sido alcançada. Hoje, há sanções vigentes aplicadas pelos EUA contra sete países: Cuba (desde 1960), Irã (1979), Myanmar (1997), Coréia do Norte (1993), Costa do Marfim (2006), Síria (2012) e Rússia (2014).

Ora! E não se trata de clara lista de potências econômicas? Pois até a publicação deste artigo, por várias e boas razões, os EUA não conseguiram nenhuma das metas a que visavam com a imposição dessas sanções.

A prática de impor sanções contra nações cujos atos desagradem aos EUA é política orientada para objetivos ou tolos ou infames. É prática que visa a destruir a soberania de outras nações. Tanto quanto sei, até hoje os EUA nada conseguiram, desses objetivos, servindo-se de sanções.


Os EUA são nação narcisista que só enxerga o próprio reflexo em seja qual for a superfície para a qual olhe. A húbris norte americana faz os norte-americanos crerem que o mundo inteiro teria de operar como os EUA operam.

Assim sendo, dado que desde o nascimento da nação a corrupção gerada e alimentada pelos mercadores e pela classe mercantil predomina na política econômica dos EUA, impondo as políticas nacionais, os norte americanos creem que a classe mercantil de outras nações também teriam o poder e a força para mandar e desmandar no plano político e na construção das políticas. Obviamente isso nem sempre acontece. Em Cuba e na Coréia do Norte a classe mercantil praticamente inexiste. No Irã, está submetida às ordens dos aiatolás; em Myanmar e na Costa do Marfim, o controle é exercido totalmente pelos dirigentes corruptos. Quanto à Síria e à Rússia, o relacionamento entre o governo e a classe mercantil é no mínimo ambíguo.

Impor sanções contra essas nações pode causar algum abalo em suas economias, sim; mas é pouco provável que cause qualquer grave efeito contra os seus respectivos governos.

Para que as sanções levem ao resultado que os EUA esperam delas, é indispensável que se configurem algumas condições necessárias. Em primeiro lugar, a nação sancionada tem de ter grande classe mercantil, com poder suficiente para influenciar o próprio governo do país. O governo tem de ser atento e preocupado com atender bem às necessidades da classe mercantil. 

Em segundo lugar, não se sanciona país que tenha ou dívida internacional muito pequena, ou carteira de comércio internacional muito grande. Em nada ajuda o governo de um país dizer aos seus comerciantes que não podem fazer negócios com outra nação, com a qual eles já não tenham comércio. Mas dizer aos próprios comerciantes que interrompam o comércio com determinada nação, com a qual eles têm substancial negociação e muitos interesses, pode vir a ser economicamente mais prejudicial para a nação que sanciona, que para a nação sancionada.

Em terceiro lugar, restam as nações com comércio internacional médio. Alguns danos podem ser causados, se se sancionam essas nações, mas não serão danos suficientes para forçar o país a mudar na direção em que interessa aos EUA que o país mudem. Tais sanções raramente são bem-sucedidas. E o que acontece quando esse tipo de sanção é tentado e falha? Muitas vezes, esses fracassos levam à guerra.

Apenas um ano após os Estados Unidos sancionarem Cuba, o país foi invadido por um grupo paramilitar patrocinado pela CIA.

Oito bombardeios B-26 fornecidos pela CIA atacaram os campos aéreos cubanos. Na noite seguinte, os invasores desembarcaram na Baía dos Porcos. Os norte-americanos supunham que o povo cubano se levantaria e derrubaria o governo Castro. Em vez disso, viram o exército cubano cercar e prender os invasores norte-americanos, em apenas três dias. A invasão foi fracasso escandalosamente vergonhoso para os EUA. Em grande parte da América Latina e do mundo, comemorou-se ali a falibilidade do imperialismo dos Estados Unidos.

Charge de Latuff
Pois, apesar do fracasso escandalosamente vergonhoso, ante o povo cubano, os EUA, ali, “inauguraram” a guerra de sanções.

Desde então os norte americanos têm feito guerra, às vezes sem aviso ou conhecimento, em numerosos lugares onde as sanções falharam: Bálcãs, Iraque, Líbano, Líbia, Somália, Sudão (e mais outra longa lista de potências econômicas).

E, quando as sanções falham pela primeira vez, e vêm as sanções; e as sanções falham, e vem a guerra; e, ainda depois da guerra, vêm mais e novas sanções... o absurdo é flagrante.

Nesse momento do processo, a política de guerra dos EUA evolui para a política de assassinatos dos EUA.

Talvez o propósito das sanções, das guerras que acompanham as sanções, e dos assassinatos que vêm subsequentes, não seja alcançar algum sucesso, nem provocar mudanças. Todo o programa é absurdo, mas repete-se tanto, tão pontualmente, há tanto tempo, que tem de haver alguma explicação. Uma possibilidade para chegar a alguma explicação razoável talvez se possa extrair de um exame atento do sistema penal americano.

Roger Williams
Toda sociedade tem cidadãos que, de tempos em tempos, põem em risco outros cidadãos. Eventualmente, esses indivíduos podem pôr em risco a própria existência da sociedade como tal. Em sociedades primitivas, esse pessoal daninho é ou extirpado ou banido ou exilado. Na infância histórica dos Estados Unidos, essa forma de punição foi usada pelos puritanos, quando exilaram Roger Williams (fundador de Rhode Island e da Primeira Igreja Batista). A teologia de Williams colocava em risco a unidade religiosa da sociedade puritana.

Sob vários aspectos, o atual sistema penal é mais duro e desumano com os inconformados, que a antiga pena de exílio. Mas o problema é que vai ficando cada dia mais difícil encontrar lugares para onde exilar alguém; e acabou por prevalecer o sistema penal atualmente vigente, de encarceramento. E tudo se complicou muito.

Em vez de simplesmente remover cidadãos que apresentam perigo para a sociedade, o povo começou a usar as próprias prisões como forma de punição: isso, precisamente, é o que são as prisões como as conhecemos hoje. Quando a vítima (ou o juiz) diz: “quero que seja feita a justiça” ele/ela está dizendo que quer que o criminoso “pague”. Então, os perpetradores de crimes pagam o preço de se deixar aprisionados pela sociedade; e a sociedade paga o preço de manter todo o sistema penal. É um preço pago tanto pelos criminosos, quanto pelos cidadãos que respeitam a lei. O intuito do sistema penal é meramente punitivo, independente do custo. Não há outra função.

Charge de Latuff
Nunca houve qualquer resultado favorável aos Estados Unidos oriundo das sanções contra Cuba e a Baía dos Porcos, mas isso não importa. O povo de Cuba está sendo punido há mais de meio século, por não se ter levantado em revolta e derrubado o governo de Castro em 1961. No Iraque, o povo iraquiano é castigado pelo governo Obama, pelas ações de Saddam Hussein. Assim também, o povo afegão está sendo punido porque o governo afegão não entregou Osama Bin Laden aos EUA quando lhe foi “ordenado”, para ser “julgado” por ter – supostamente – planejado o incidente de 11/9. Não importa que esse castigo tenha custado e continue a custar também muito caro aos Estados Unidos. O custo dos castigos não vem ao caso. Não apenas não é importante o custo da punição, como também é irrelevante que povo será punido...

O mundo ocidental continua, até hoje, a castigar os palestinos, pelo holocausto de judeus europeus assassinados por europeus da Europa ocidental!

Essa política não é exclusividade dos EUA

Os EUA só continuam a aplicar essa política “de sanções”, porque seus fracassos são anotados como sucessos. O princípio que rege essas operações “de sanções” é deixar claro que quem não “respeite’” (no sentido de “obedeça servilmente”) os EUA, desencadeará sobre a própria cabeça fúria tão violenta e avassaladora que faria tremer de medo o demônio.



[*] John Kozy é professor aposentado de Lógica e Filosofia, que escreve sobre questões sociais, políticas e econômicas. Depois de servir no exército dos EUA durante a guerra da Coréia, viveu 20 anos como professor universitário e outros 20 como escritor. Seus trabalhos online podem ser encontrados no blog.

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/05/guerras-assassinatos-e-sancoes.html

http://goo.gl/n8lD5s


Para ler outras matérias sobre este assunto, acesse o blog redecastorphoto

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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