domingo, 13 de dezembro de 2009

Obama e o Nobel da Paz

O NOBEL DO TERRORISMO

Laerte Braga

Há anos atrás as redes de televisão no Brasil (e em muitos outros países, Hollywood mesmo) contratavam atores brancos para interpretar papéis de negros. Um creme escurecendo o rosto e as demais partes do corpo transformava o branco em negro. Um ou outro ator conseguia escapar ao racismo explícito dos chamados meios de entretenimento.

No Brasil, Grande Otelo (Sebastião Prata), um dos maiores atores da nossa história, foi um dos que conseguiu abrir seu caminho sem necessidade de cremes, sendo negro, mas mesmo assim enfrentando diversas situações constrangedoras, como várias vezes ele próprio confessou. Orson Welles, diretor de um dos maiores filmes (muitos acham o maior de todos) de todos os tempos, CIDADÃO KANE, considerava Otelo um gênio sob todos os aspectos.

Essa barreira foi sendo rompida lentamente e não pela bondade dos brancos, mas por conta da luta dos negros. E continua sendo uma luta que não terminou. O racismo em determinado momento de nossa história era tão explícito que, ainda na revista O CRUZEIRO (a maior da América Latina, semanal e edição em três línguas, cinco milhões de exemplares por semana -- VEJA nem sonha com isso), o extraordinário jornalista Millôr Fernandes afirmou que “no Brasil não temos racismo, aqui o negro conhece seu lugar”.

Os primeiros papéis atribuídos a atores e atrizes negros eram de empregados domésticos, uma ponta aqui e ali de engraxate, ou escravos, nas muitas novelas de época que rolaram e rolam pelas redes de tevê.

A História do Brasil está repleta de heróis negros. Não são necessariamente aqueles escravos cuja alforria foi assegurada se participassem do massacre imposto ao povo paraguaio naquilo que chamam Guerra do Paraguai. Eram a bucha do canhão para enfrentar a resistência heróica e determinada dos guaranis. Falo de outros, Zumbi dos Palmares.

O prêmio Nobel da Paz foi instituído por Alfred Nobel, inventor da dinamite. À época Noruega e Suécia formavam um só país, podemos dizer assim e a Noruega ficou encarregada de escolher anualmente alguém que tendo contribuído para a paz mundial, atribuir-lhe o prêmio. Diploma, medalha e uma determinada quantia em dinheiro.

É inegável que em alguns momentos os encarregados da escolha do prêmio Nobel da Paz o fizeram de forma correta. Os que escolhem são figuras previamente determinadas no próprio regulamento, e isso acaba refletindo a conjuntura política norueguesa. Num ano Adolfo Perez Esquivel, noutro um assassino padrão Theodore Roosevelt, presidente dos EUA e responsável pela política que ficou conhecida a partir de uma frase sua – “big stick”, ou grande porrete –. Esse era aplicado aos países da América Central que ousassem desafiar o poder democrático, cristão e ocidental dos norte-americanos.


O bispo católico Desmond Tutu, escolhido por sua luta contra a política segregacionista em seu país, a África do Sul, e que hoje recomendou que se continue a manifestar contra os predadores ambientais reunidos em Copenhague na Dinamarca, interessados em manter seus privilégios de nações ricas às custas das nações pobres.

Menachem Beghin, segundo o físico Albert Einstein, era um terrorista sem entranhas, assassino de várias pessoas na região da Palestina (onde seus sequazes continuam no governo e assassinando impunemente) foi um dos premiados. Henry Kissinger, que foi um dos inspiradores do diretor Stanley Kulbrick no filme O DOUTOR FANTÁSTICO. Um alemão que escapa da débâcle do nazismo e vai para os EUA onde ajuda a construir a bomba atômica, tanto quanto noutra ponta, a implantar políticas de guerras contra povos com o vietnamita. Kissinger foi agraciado junto com Le Duc Tho, negociador norte-vietnamita e que recusou o prêmio por não ver razão para tal, dividi-lo com um secretário do governo que despejou toneladas de armas químicas sobre seu povo numa agressão típica dos norte-americanos. Boçal, terrorista e insana.

Mas, como todas, lucrativas e em nome de Deus, da paz e toda essa parafernália que William Bonner usa para perguntar se abóboras querem bom dia.

Barack Obama é só alguém que tem a pele negra, mas o pensamento ariano/branco, no que isso significa o toque da Sétima Cavalaria do general Custer (um dos primeiros boçais a ganhar notoriedade matando índios nos EUA). Ao contrário dos atores brancos que usavam um creme para ficar negro, é um avanço “tecnológico”. Já traz a pele negra, mas pensa e age como branco escravagista, bárbaro, sanguinário, isso num tempo em que se pode transformar cretinos como José Jânio Serra em sabão em pó que lava tudo e tira manchas.

Morreu essa semana que termina o ex-ministro da Saúde Jamil Haddad. Foi o criador e o responsável pelos primeiros passos na implantação da política de remédios genéricos, produto de proposta sua. Mentiroso e acoitado por jornalistas padrão Juca Kfouri, Serra diz que foi ele.

Há um monte de Obamas por aí. Ao receber o laurel, o prêmio Nobel da Paz por seus “esforços” pela diplomacia como instrumento de solução dos problemas mundiais, Obama apenas foi lá buscar o diploma, a medalha e a dotação a que tem direito, tendo pago o dobro, pelo menos, levando em conta a formação atual do comitê que escolhe o prêmio Nobel da Paz. Nesse momento um comitê venal.

Falou da necessidade da guerra em seu discurso. Tentou justificar a guerra. Lato sensu um terrorista. Disfarçado em cervejeiro.

Está enviando mais 30 mil homens ao Afeganistão para “terminar o serviço”. Terminar o serviço na linguagem dessa gente, de qualquer quadrilha, significa eliminar quem conseguiu escapar da primeira sortida, assim que nem o Massacre do dia São Valentim.

É um escárnio, um deboche, num mundo em que as nações ricas se eximem de responsabilidades pelos crimes ambientais que cometem e como disse o delegado chinês na conferência de Copenhague, “a posição dos Estados Unidos parece a daquele cidadão que vai a um restaurante janta e bebe, e o outro, que chegou só à hora da sobremesa, tem que dividir a conta inteira”. Ou, como frisou, “irresponsável”.

Cerca de 400 pessoas foram presas na civilizada Dinamarca, onde numa região os jovens se mostram homens assassinando golfinhos num banho de sangue típico de brancos colonizadores. Boçais pura e simplesmente.

Protestavam contra a irresponsabilidade dos governantes de grandes e muitas pequenas potências em relação ao meio-ambiente.

Aqui no Brasil deputados do DEM, partido do governador José Roberto Arruda (o que ia ser vice de José Jânio Serra), atolado em corrupção até a alma (ou como disse o deputado Alberto Fraga justificando seu voto a favor de Arruda no partido, “aqui somos todos iguais”), pegaram um avião com dinheiro público e foram para o Chile, onde amanhã elegem um novo presidente. Estão alinhados com a direita de lá, o grupo de Pinochet. Iguais quer dizer corruptos e isso também, fascistas.

Um jovem de nome José Ricardo Fonseca, com seu pai, seus familiares, foi a uma passeata protestar contra o governo Arruda, a corrupção generalizada de DEM e PSDB.

No Brasil existe uma anomalia dos tempos dos coronéis (e em alguns outros lugares também). A tal Polícia Militar. Polícia, em sua essência, em sua razão de ser é uma instituição civil. Aqui não. Um bando de torturadores, assassinos, em nome da lei, com todas as garantias, inclusive de foro privilegiado, arvora em “teje preso”, na boçalidade da farsa democrática.

Ricardo foi espancado, torturado e preso num ataque de fúria de um desses boçais, o coronel Silva Filho (a patente define) e ameaçado de assassinato por um sargento de nome Cássio, já na viatura, se falasse alguma coisa.

Estava protestando contra a corrupção DEMOTUCANA e seu pai Rubem Fonseca Filho protestou contra a barbárie em matéria publicada no CORREIO BRAZILIENSE sob o título “o primeiro punido”. O corrupto está livre e comanda essa tal de PM.

Tudo isso em tempos de Nobel da Paz para o terrorista branco disfarçado de negro Barack Obama, dos 41 anos do Ato Institucional V baixado pela ditadura militar (de assassinos e torturadores no Brasil) e da degradação geral do meio-ambiente em nome do capitalismo, da cristandade, da democracia, com as bênçãos do arcebispo de Mariana, do cardeal de Honduras e do papa do pequeno Reich do Vaticano.

Vem aí a OPUS DEI. Versão cristã da Al Qaeda.

A paz de Obama.

Sete bases militares na Colômbia, associação explicita com o governo narcotraficante de Álvaro Uribe, bombardeios contra civis no Afeganistão, golpe em Honduras, saque do petróleo iraquiano (boa parte das relíquias de um dos maiores museus do mundo, em tamanho e importância, o Museu de Bagdá, foram levadas para New York depois da invasão “libertadora”).

Na próxima edição do Nobel devem reparar uma injustiça. Premiar Hitler post mortem, do contrário fica faltando um nesse time, a despeito dos muitos justamente agraciados.


Bento XVI em nome da juventude hitlerista vai lá representá-lo. Obama fica assentado na primeira fila rezando o terço. E Marcelo Rossi monta barraca na entrada para vender seus CDs. Faz dueto com Edir Macedo e o casal do Renascer.

O Nobel do Terrorismo tem todos esses e mais alguns braços.

Falta contar a história dos covardes da comissão que escolhe o Nobel da Paz à época da decisão de premiar o arcebispo brasileiro Hélder Câmara. Silenciaram no tal de esforço diplomático para a paz. Esforço diplomático para a paz dessa gente é porrete. Nixon foi lá e ajeitou tudo com algumas malas de dólares.


Laerte braga, jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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PressAA

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