sábado, 9 de janeiro de 2010

Casoy não assistiu a essa palestra, nem assistiria nunca, do alto de sua arrogância

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Gari do Rio ensina motivação para executivos [em 2003]

"O segredo para se dar bem na carreira é o respeito ao próximo," (...) "Uma dica para os executivos: 'Esquecer o preconceito e a discriminação'" - Renato Lourenço, de 39 anos, conhecido como Sorriso, gari carioca.

São Paulo - A culpa foi do samba. O gari carioca Renato Lourenço, de 39 anos, conhecido como Sorriso, virou exemplo de motivação no trabalho. De segunda a sábado, varre ruas na Tijuca, das 6 horas da manhã até uma da tarde.

Depois das sete horas de trabalho, tem agenda tumultuada. Dá palestras sobre os cuidados com o lixo nas ruas, o segredo da alegria e o sucesso na profissão.

Já atuou como figurante em comerciais de TV. Recebe cachês irrisórios, mas diz não se importar, até porque as aparições lhe têm valido inúmeras conquistas.

Samba no intervalo

A fama começou com uma pequena transgressão. Ele varria a Praça da Apoteose no Sambódromo do Rio, no carnaval de 1997. Era intervalo de apresentação de escolas. Desafiado pelos colegas a mostrar que era bom de samba e corajoso, agarrou-se à vassoura. Sambou, pulou, imitou passos de mestre sala.

Foi repreendido. "Meu chefe me deu bronca e mandou parar. A platéia inteira vaiou", lembra. "Quando ele viu aquele monte de gente ao meu favor, então, aprovou a minha dança".

Sorriso sambou e saltou ainda mais. Os fotógrafos clicaram as piruetas do gari, aos pulos, com pés bem longe do chão. Dias depois, lá estava ele, foto estampada em vários jornais.

Portas se abrindo

Desde então, sua vida mudou. Fez ponta em comerciais da C&A, deu entrevista nos programas de Jô Soares e de Astrid Fontenelle. "As portas estão se abrindo". Seu feito mais famoso foi o encontro com a mãe do presidente dos Estados Unidos, quando veio ao Rio.

"Dei até um beijo na Barbara Bush. Chamei a atenção dela, cheguei perto e...

Na quarta-feira, o gari subiu ao grande auditório do Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, para dar uma palestra de 15 minutos a presidentes de empresas, gerentes e diretores de recursos humanos, durante a 29.ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (Conarh).

Roupa de gari

Fez questão de usar sua roupa de gari. "O segredo para se dar bem na carreira é o respeito ao próximo," disse, no palco. À vontade com o microfone, recebeu aplausos da platéia.

Ele foi um dos "anônimos notáveis" convidados pelos organizadores do Conarh, para a mesma sessão na qual estava o dançarino Carlinhos de Jesus, com quem veio no avião, a jogadora de basquete Magic Paula e o ator Raul Gazolla. Todos para falar da carreira.

Gargalhadas

Sorriso faz jus ao nome. Cita Deus várias vezes, dá gargalhadas de suas complicações e puxa conversa, como se conhecesse quem acabou de ver há muitos anos.

Hiperativo, enquanto conta uma história sai correndo para buscar o celular. "Sabe como é, pode surgir algum evento de última hora", desculpa-se.

Atento, pergunta se as frases que diz estão bonitas e demonstra prazer em deixar encabulada a esposa, Fátima Maria da Conceição, tímida e mais reservada.

Rotina

Mesmo com o sucesso, o gari Lourenço, acorda às 4h15 da madrugada. Enfrenta duas horas dentro de dois ônibus até chegar ao trabalho. No caminho, dá autógrafos. Às terças e quintas, vai à escola, fazer o telecurso para terminar o ginasial.

Graças à fama, ganhou uma bolsa de estudos de aula de dança na Escola Jimme, onde vai todas as noites, das 18h00 às 22h00. Seu sonho é viver da dança. "Durmo umas três horas por noite, mas estou satisfeito. Comigo não tem tempo ruim."

Frases de efeito

Ele gosta de frases de efeito. "Sou gari e levanto a mão para o céu. A fama é como uma vela em frente ao ventilador. Se você ligar o ventilador, ela pode se apagar".

Uma dica para os executivos: "Esquecer o preconceito e a discriminação". "Você tem de ir trabalhar todos os dias pensando que, não importa o cargo, todos somos iguais. Veja só, eu já desfilei na passarela do São Paulo Fashion Week no mesmo dia do Paulo Zulu", lembra.

E completa: "Será que dá para mandar um abraço para os meus colegas de trabalho?"

http://www.curriex.com.br/centro_carreira/ver_noticia.asp?codigo=830

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PressAA

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