sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caso Bruno: A bandidagem vai amarelar na hora de bater o pênalti? (Te segura aí, no seguro, Bruno)

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O MEDO DO GOLEIRO DIANTE DA TURBA

Celso Lungaretti (*)

Se os Nardoni fossem inocentes, que
chance teriam de ser absolvidos
após a satanização midiática?

Quando eu estava começando a formar minhas convicções, aos 15 anos, assisti a uma peça de teatro amador sobre Galileu Galilei que trazia, destacada nos cartazes e no programa, uma fala que me marcou para sempre:

“Há um mínimo de dignidade que não se pode negociar. Nem mesmo em troca da liberdade. Nem mesmo em troca do sol”.

Referia-se ao recuo tático do grande físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano, que renegou sua convicção de que o Sol (e não a Terra) era o centro de nosso Universo, para obter a clemência da Inquisição.


Doente e quase cego, o septuagenário Galileu fez esta concessão ao obscurantismo religioso para que sua pena de exílio fosse convertida no que hoje chamamos de prisão domiciliar.

Os homens têm enfrentado, ao longo dos séculos, o dilema moral de escolherem entre o que é certo e o que é conveniente. Às vezes, em situações ainda mais dramáticas, como a que os relatos lendários sobre a Guerra de Tróia atribuem ao rei Agamenon, quando a partida de sua monumental frota estava sendo impedida pela calmaria e um vidente lhe revelou que a deusa Ártemis exigia a vida de sua filha Ifigênia como contrapartida de ventos favoráveis.

Mas, dificilmente as opções negativas são feitas por motivos tão extremos. E, nas situações prosaicas do cotidiano, o ensinamento de Jesus Cristo continua apontando o único caminho verdadeiramente ético: “Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?” (Mateus, 16:26).

Neste melancólico século 21, pouquíssimos hesitam em trocar a alma por dinheiro, status e poder. O capitalismo, erigindo a privilégio e a ganância em valores supremos da vida social, transforma os homens em fiéis devotos do bezerro de ouro.

A amoralidade virou norma. E existem até os que a justificam com argumentação sofisticada, como os advogados: ao representarem os piores canalhas, eles alegam que assim procedem em nome da democracia, de forma a assegurar o direito a defesa que até os nitidamente culpados têm.

Por coincidência, os piores canalhas tendem a ser os clientes que melhor remuneram os serviços advocatícios. E nunca é lembrado que todo advogado tem o direito de recusar uma causa que repugne à sua consciência, posto que outro advogado a acabará defendendo; em último caso, o juiz designará um defensor de ofício, que atuará por obrigação e não por mercenarismo.

Estas divagações me ocorreram ao ler a rebuscada historinha que os defensores de Bruno Fernandes pretendem apresentar ao tribunal: a de uma armação de Sérgio Rosa Sales para se vingar do goleiro.

Culpado ou não do presumível assassinato de Eliza Samudio, salta aos olhos que Bruno é um péssimo ser humano.

Mas, se mesmo assim optaram por defendê-lo, por que não o fazem com as alegações corretas?

O certo é que, inexistindo cadáver, a morte de Eliza continuará sendo só uma hipótese.

E é também certo que uma investigação conduzida como um espetáculo circense, com violação sistemática do segredo de justiça, não pode colocar ninguém na prisão.

A impugnação de inquérito franqueado à bisbilhotice pública já deveria ter sido tentada em outros casos, como o recente do Casal Nardoni.

Até quando os advogados coonestarão esses linchamentos legalizados, em vez de arguirem o ponto fundamental de que não se faz justiça passando com um rolo compressor sobre os direitos dos acusados, POR PIORES QUE ESTES SEJAM?

Se o preço para condenarmos monstros é avalizarmos práticas monstruosas, não vale a pena.

Pois a cumplicidade de policiais e promotores obcecados por holofotes com jornalistas ambiciosos praticamente destruiu a vida dos proprietários da Escola-Base. E os mesmíssimos erros e abusos não deixaram de se repetir a cada episódio rumoroso desde então.

Continuo acreditando que evitar a condenação de inocentes tem precedência sobre evitar a impunidade de culpados.

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Matéria indicada por esta Agência Assaz Atroz

Desconhecido pede para o Tribunal de Justiça de Minas dar liberdade ao goleiro Bruno

Desconhecido pede liberdade através de Habeas Corpus para o goleiro Bruno
A Justiça de Contagem recebeu nesta quarta-feira (14/7) um pedido de Habeas Corpus em favor do goleiro Bruno Fernandes, suspeito de envolvimento no desaparecimento de Eliza. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o pedido de HC foi feito por e-mail por João Carlos Augusto Melo, do Rio de Janeiro. O advogado defesa de Bruno, Frederico Franco, afirmou não saber quem fez o pedido.

O TJ-MG não divulgou qual o argumento usado para pedir a libertação do goleiro. O HC pode ser pedido por qualquer pessoa, independentemente de ser advogado ou de ter ligação com o caso. O pedido ainda não foi distribuído para avaliação, informou o tribunal. Após o recebimento, ele deve ser analisado em 48 horas por um desembargador.

No final da tarde desta quarta-feira, a juíza Marixa Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, recebeu o primeiro pedido de liberdade no caso do desaparecimento e suposta morte de Eliza Samudio. A intenção era a revogação da prisão temporária de Sérgio Rosa Sales, conhecido como Camelo, primo e funcionário do goleiro.

O advogado de Camelo, Marco Antônio Siqueira, disse à Folha de S.Paulo que, pelo seu entendimento, "não pode haver supressão de instâncias" do Poder Judiciário. Por esse motivo, ele abriu mão, por enquanto, do HC e preferiu recorrer à mesma autoridade judicial que decretou a prisão temporária de 30 dias de oito dos nove investigados no caso.

Quebra de sigilo

A juíza Marixa Lopes, do Tribunal do Júri de Contagem (MG), autorizou nesta quarta-feira (14/7) a quebra do sigilo telefônico do goleiro Bruno Fernandes e de outros quatro envolvidos no desaparecimento de Eliza Samudio. Além do goleiro, foram liberados os dados telefônicos do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (Bola), Elenilson Vitor da Silva, Wemerson Marques de Souza (Coxinha), Flávio Caetano de Araújo e do adolescente de 17 anos (primo de Bruno).

O pedido foi feito pela Polícia Civil de Contagem. A Justiça já havia autorizado a quebra do sigilo telefônico de outras três pessoas, de Eliza, de Dayanne Rodrigues do Carmo Souza (mulher do goleiro) e de Luiz Henrique Romão (Macarrão). A polícia pretende ouvir os telefonemas dados e recebidos antes e depois do desaparecimento da ex-namorada de Bruno.

A delegada da Divisão de Homicídios de Minas Gerais, Alessandra Wilke, informou nesta quinta-feira (15/7) que vai intimar para depor Fernanda Gomes de Castro, suspeita de ser namorada do goleiro Bruno. Segundo o depoimento do adolescente, primo de Bruno, ela cuidou do filho de Eliza no Rio de Janeiro, antes de a vítima ser levada para Minas Gerais.

Como as características físicas são parecidas e Bruno foi visto saindo de sua casa com o carro de Fernanda, a polícia irá investigar o envolvimento dela no caso. Além disso, a polícia encontrou fotos dela ao lado de Bruno, no site do goleiro.

Conjur

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Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político anistiado pelo MJ. Mantém o blog Náufragos da Utopia

Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz




Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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