domingo, 30 de maio de 2010

O INVERSO DO JANJÃO BABÃO

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Raul Longo
Foto: Jasmim Losso Arranz

Vocês sabem que tenho meus correspondentes que votam no Serra e, como principal colaborador, o Janjão Babão. O Janjão Babão se difere dos que são apenas eleitores do Serra, porque Janjão é o único militante de fato. Deve ser o último dos militantes demotucanos.

Os demais, vez em quando distribuem uma mentira, mas logo percebem que dessa forma estão mais é comprovando ao eleitorado brasileiro o quanto a candidatura do Serra se apoia em mentiras, ajudando a esclarecer quem é quem no cenário político brasileiro.

Ao serem ridicularizados em suas distribuições de piadinhas preconceituosas e sem graça, nos documentos falsificados, declarações falsas, fotos montadas em programas gráficos, denúncias vazias e acusações apócrifas, esses tucanos desaparecem por longo tempo, envergonhados. Só voltam a distribuir outra besteira quando lhes cai em mãos alguma mentira que acreditam convincente, piadinha que acreditam nova. Ao ver que novamente só eles acreditaram na mentira e ficaram rindo sozinhos de piada besta, outra vez se recolhem ao silêncio.

É um processo meio gago de raciocínio porque quando estão quase conseguindo pensar, escorregam e têm recaída. Algum dia talvez se convençam de que os grosseiros preconceitos e as mentiras que distribuem, só enganam a eles mesmos. Quem sabe se lá pelas eleições de 2042 consigam completar algum raciocínio e pensar por inteiro, projetar o futuro, evitar repetir erros passados.

Já o Janjão Babão jamais chegará a tanto, nem mesmo se ainda estiver vivo nas eleições de 2094. No entanto, entre os carrascos da ditadura, os roubos do Maluf, o canastrismo do Collor, a megalomania do FHC, a arrogância do Alckmin e a incompetência do Serra; é só trocar o babador que Janjão permanece sempre ativo, ferrenho, convicto em seu estupidez inquestionável.

Toda e qualquer mentira que lhe cai à frente, distribui com a convicção de que está contribuindo para a volta dos expedientes ilícitos que lhe garantiam dinheiro fácil no século passado.

Até tentei demonstrar ao Janjão que acabará enterrando a candidatura do Serra neste 2010 outra vez, da mesma forma que as mentiras por ele distribuídas ajudaram a enterrar o Alckmin em 2006, e o mesmo Serra e FHC em 2002. Mas Janjão não alcança, não consegue chegar a essa percepção.

Conclusão: enquanto Janjão baba, aí está o resultado no Data Folha que teve de fazer ridículo malabarismo para consertar as mentiras de suas pesquisas. Ou seja: não é só Janjão quem baba.

Mas o Otávio Frias não é meu correspondente, o Janjão é. Eu bem deveria agradecer a colaboração do Janjão pela insistência em me ajudar a demonstrar a debilidade intelectual do eleitorado demotucano, embora nada possa ser mais evidente num partido político que se alia a gente como o Arruda de Brasília, ou forma quadro com gente como o Leonel Pavan que governa Santa Catarina.

Assim mesmo, já que esse eleitorado é de tão difícil percepção, deveria mesmo é ser muito agradecido ao Janjão pela ajuda ao esclarecimento. Mas me enjoei dele. É atrasado demais!

Como fico sem jeito de descartá-lo, vou repartir com todos que também o queiram usar como exemplar típico da militância demotucana, para demonstrar de que mentalidade é feito o eleitor de José Serra.

A cada mentira que este arquétipo demotucanóide me enviar, repasso para vocês desmenti-lo a outros babões que por ventura lhes correspondam. No entanto, não posso ser injusto com meus demais correspondentes, afinal nem todos são tucanos e nem todos os tucanos são tão bobos quanto o Janjão. Aliás, muitos dos meus correspondentes tucanos têm reconhecido que com o Serra não vai ter jeito mesmo e já anunciam novo destino aos seus votos nestas eleições.

Claro que não votarão na Dilma, mas reconhecem em Marina Silva opção menos comprometedora do que José Serra.

Eu não tenho porque não votar na Dilma, mas compreendo a situação e concordo. Até porque se com a Marina o Brasil será uma incógnita; com Serra é uma certeza! Afinal, o que já deu errado em todos os cargos menos importantes que ocupou, evidentemente só pode dar ainda mais errado em cargo mais elevado.

Além disso, enquanto ministra, não houve nada que compromete-se a Marina: nada de máfia de ambulâncias, de vampiros, dengues e outros genéricos. Como ministra Marina conquistou respeito ao Brasil até na Europa e, como candidata, pelo menos não nos ridicularizou nem arrumou encrenca com nossos vizinhos no continente já de saída.

Marina não privatizou a Amazônia, Serra há muito já prometeu que vai privatizar a mãe! Não a dele que deve estar morta, mas a de nós todos e de nossos filhos que têm na Petrobrás e no Pré Sal o financiamento do nosso futuro.

Não é preciso ser mineiro para imitar o Aécio e já que a maioria de meus correspondentes tucanos estão evoluindo em suas intenções de voto, resolvi que devo aqui recompensá-los com o inverso do Janjão Babão, oferecendo algo dos que me correspondem com informações e comentários inteligentes, com conteúdo, atentos à realidade.

Entre estes, uma é a Janaína Ferreira que já esteve aqui em casa. Moça bonita, ativa, humana, bom astral. Janaína é design, muito criativa. Estudou em Milão, se expressa, e muito bem, em italiano. É capaz de ler em espanhol, além do português no qual o Janjão não se arrisca porque ler, no idioma que for, para ele é perda de tempo, embora babe a cada mentira em português sobre o governo que quebrou seus expedientes ilícitos para levantar dinheiro fácil. É limitado em sua compreensão funcional do que lê, mas quando consegue perceber ser algo contra o governo, já passa em frente sem se importar com o absurdo que contenha. Aliás, isso de conteúdo nunca foi o forte do Janjão. Nem o fraco. Simplesmente não é do seu interesse.

Voltando à Janaína, ela me apresentou pela internet à sua mãe, a Ana. Mulher admirável, com história de vida, dignidade. Coisas sem nenhum significado ou sentido para o Janjão.

Isso de formar um caráter é coisa muito séria, e Ana, sem dúvida, teve grande importância no que é Janaína, pessoa interessada e interessante. E mais confirmo isso agora, quando Janaína me apresenta um texto da irmã, a Natacha, que é Bio-Química e prefere assinar como Natacha Santos.

A Natacha é esse inverso do Janjão. Com o relato da Natacha que reproduzo abaixo(*), os recompenso pelas bobagens que repassarei e já repassei do Janjão, como ainda há pouco naquela grosseria intitulada “Mulheres de Chernobyl”.

Para me desculpar por aquilo, é que agora distribuo esse relato da Natacha sobre a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia. Vejam aí, que alento.

Se fico contente como alguns dos meus correspondentes tucanos que já anunciam que irão destinar seus votos para a Marina Silva, imaginem quanto não me foi gratificante ler o relato gostoso e alegre da Natacha.

É uma compensação às mentalidades mesquinhas e rasteiras que além de ganhar dinheiro fácil com expedientes ilícitos, não sabem fazer mais nada na vida e nem estão interessados em aprender.

Como dizia Freud, nossa esperança como espécie está nos que buscam desenvolver a inteligência. E a inteligência não necessita, não requer, não carece da mentira.

Leiam aí o que Natacha escreve sobre o que viu e testemunhou por estar presente. Natacha não baba as mentiras de outros e não há nada no que escreve a ser comparado com o que repassa o Janjão que se responsabiliza pelo que sequer é capaz de pensar e a informação que não tem. Aquela coisa do fofoqueiro que fala do que ouviu dizer, mas não faz menor ideia do que seja.

Só me refiro aqui ao Janjão Babão para destacar a diferença entre aquele Brasil que não têm noção alguma de si próprio, mas quer voltar ao poder; e Natacha que é a consciência do Brasil de hoje sobre o que esse país representa perante o mundo e futuro do seu povo.

Por que aquele velho e deficiente Brasil quer voltar ao poder, se foram um total fracasso de 500 anos? Sei lá eu! Deve ser para se encher de hambúrguer com muito catchup e cerveja choca. Tomar muita coca cola pra se orgulhar do tamanho do próprio arroto. Seria a volta do Brasil que baba pra mentir a si mesmo e mente babando subserviência em cima dos outros.

E Natacha, como vocês podem ver aí no que escreve, é o transparente e saudável Brasil do presente, se querendo futuro. O futuro que todos merecemos: mais alegre, inteligente e verdadeiro.

Confiram:

(*) Gente, Fui ontem a uma solenidade na Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, e os ministros e o Lula discursaram. Valeu por uma sessão de comédia no teatro. O Lula fala muito bem e estava inspiradíssimo, dei altas gargalhadas, quem dera eu tivesse bateria pra gravar o discurso... falou muito bem e foi muito aplaudido e mostrou que muito dinheiro foi investido e muita coisa foi feita. Eu já sabia porque o CNPq está no meio disso, mas vê-lo falando deu outra importância. Falou por quase uma hora, de improviso, e disse: "Se eu fosse um presidente com juízo, eu leria o discurso que está aqui", e mostrou um maço grosso de papel, "mas o Sérgio (ministro), se quiser publica esse texto depois em um jornal ou revista". Continuou: "Quando um governo faz seu serviço e vem discursar pra comunidade, se ele não fez nada, ele só tem uma folha em branco pra mostrar (e mostrou o verso vazio do papel); mas, se ele fez muita coisa, ele chega aqui com um discurso grosso que nem esse". Todo mundo aplaudindo e rindo...

Entre os trechos mais engraçados ele reclamou que o Ministro de C&T deu a ele uma luneta que não funciona, e disse que queria ver a lua cheia ao lado da D. Marisa, mas que presidente nunca tem tempo de ver a lua porque jogam ele num carro de vidros escuros, depois ele entra da garagem do palácio e já sai num quarto todo fechado "e acabou o mundo".

Depois disse que o ministro devia ter pegado uma luneta devolvida da escola (o MCT vai distribuir 22 mil lunetas para escolas públicas, em comemoração ao ano Internacional da Astronomia), que era pra evitar problemas com a oposição, porque "senão já iam querer fazer a CPI da luneta".

Reclamou dos EUA que redigiram os termos do acordo com o Irã e depois criticaram o acordo; reclamou da imprensa, que ficou torcendo contra o acordo e depois fez pouco caso quando o acordo saiu.

Falou que o ministro de C&T tava reclamando de um projeto que empacou no Planejamento por 8 meses e, faltando 4 dias para essa conferência, ele ligou pro Paulo Bernado e disse: "Sabe aquele projeto dos institutos de pesquisa do Sergio? Pois é, ele tá aqui reclamando que vocês não finalizam nunca. Semana que vem eu tenho uma conferência com os cientistas, e eles vão me cobrar isso. Então, o que vocês não fizeram em 8 meses, vão ter que fazer em 4 dias" (o decreto de criação dos institutos foi assinado lá na conferência na presença de todos).

Falou que aprendeu muito nas eleições que perdeu. Que recebeu tanto plano de governo que, se soubesse de tudo que estava ali, virava reitor de universidade de tão sabido que ia ficar.

Falou que quando o cara vira presidente "pensa" que tem poder, mas aí vem o pessoal do cerimonial e diz: "Presidente, essa cadeira não é sua, o senhor tem que sentar naquela ali". Aí vem o segurança e diz: "presidente, o senhor não pode ir por esse caminho, tem que ir por aquele".

Uma das partes que mais gostei foi quando ele falou da auto-estima do brasileiro que antes se achava menor que os outros países e que agora é a 13ª potência em artigos publicados, superando Holanda e Rússia. Falou da campanha do Ronaldo pela auto-estima e que o brasileiro tem que ter orgulho de seu país e de seu povo, e "chega desse negócio de se sentir inferior".

A cada uma dessas ele fazia cada cara e gesticulava tanto... Todo mundo dando gargalhadas, e era uma plateia de cientistas e pessoal ligado à Ciência, com no mínimo 50% de PhDs.

No final, todos aplaudiram longamente de pé. Pena que não pode ter 3° mandato pra eu votar nele de novo.

Teve muito mais, mas eu não lembro agora... Quem sabe alguém coloca o discurso na internet....

Bjo,
Natacha Santos

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Aí está, Natacha, a bem humorada fala do presidente Lula:




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*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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terça-feira, 25 de maio de 2010

O DESESPERO DE ARRUDA SERRA – O GOLPE BRANCO

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Laerte Braga

O candidato José Arruda Serra tomou conhecimento dos resultados da pesquisa do DATA FOLHA logo ao término do trabalho de campo. Teve um acesso de fúria, entre outras coisas, pela constatação que seria impossível manipular mais que já estava manipulado o crescimento da candidatura de Dilma Roussef.

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO, braço do tucanato, começa a preparar um golpe branco na tentativa de inibir a participação do presidente da República na campanha de Dilma Roussef, candidata do seu partido, o PT.

Vai, certamente, ser uma discussão que se estenderá a toda a grande mídia, venal e ligada ao complexo, digamos assim, que pretende eleger José Arruda Serra e recolocar o Brasil na condição de protagonista de segunda categoria, adereço, de uma ordem política, econômica e social injusta.

Por que o presidente Lula não pode participar da campanha de Dilma Roussef?

Quando a primeira-ministra da Inglaterra Margareth Teatcher esteve no Brasil, o então senador Antônio Carlos Magalhães relatou a ela que em nosso país havia necessidade de desincompatibilização de ocupantes de determinados cargos para que pudessem concorrer a outros.

A resposta de Teatcher, baluarte da extrema-direita, logo, dos similares de PSDB, DEM, PPS, etc, foi que isso era uma bobagem, pois a atividade política e essencialmente partidária e desde que a máquina do Estado não seja usada tudo bem.

O pulo do gato, ou um dos pulos, está aí. Máquina do Estado não é a figura do presidente da República, filiado a um partido, eleito por esse partido e num leque de alianças comuns a um programa de governo.

O mesmo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, num cochilo, publicou semana passada, notícia denunciando o ex-governador José Arruda Serra de, fora do governo, estar usando a máquina governamental para sua campanha.

O que está em debate é exatamente se o eleitor brasileiro deseja a continuidade do governo Lula, como programa de ação, ou o retorno aos tempos neoliberais de FHC na pessoa de José Arruda Serra.

E os interesses de grandes grupos econômicos internacionais associados à elite podre FIESP/DASLU, associam-se à candidatura do tucano José Arruda Serra.

É lógico que Lula tem que participar desse debate. E mais que isso, é lícito, é saudável para o processo democrático.

FHC pagou uma dívida de 250 milhões de dólares em 2002, dívida da REDE GLOBO, fez aprovar a emenda que permitia a presença de capital estrangeiro em meios de comunicação (rádio e tevê) do capital estrangeiro, como pré-condição imposta pela GLOBO para apoiar Serra.

Do contrário a empresa, o grupo, continuaria a alimentar a candidatura de Roseana Sarney, àquela altura já liderando as pesquisas de opinião pública, nas costumeiras montagens do antigo IBOPE, hoje GLOBOPE.

Inibir ou proibir a presença de Lula na campanha eleitoral é um golpe branco. Fere de morte o processo democrático.

José Arruda Serra resolveu correr outra vez atrás do ex-governador de Minas, Aécio Neves, para ser o seu vice, como solução para a indigência eleitoral que se começa a desenhar.

Se há dois meses atrás a candidatura de Aécio poderia vir a representar alguma coisa, em termos de acréscimo eleitoral a Arruda Serra, hoje não significa nada. Minas já percebeu que Arruda Serra é o anti-Brasil e especificamente o anti-Minas.

Não me consta que Aécio com seu capital político vá ser vítima de um golpe, um conto do vigário, pratique haraquiri, suicídio político, a não ser que tenha perdido a sabedoria que herdou do avô, Tancredo, ou esteja disposto a ouvir os mineiros, através do voto, transmitirem um recado tipo “Aecinho, nós gostamos muito de você, mas desculpe, detestamos o Arruda Serra”.

Ao declarar que “o primeiro compromisso é com Minas”, o ex-governador sabia e sabe que o primeiro compromisso dos mineiros também é com Minas. Simples entender isso. A mineirice percebe o espertalhão, caso de José Arruda Serra e a mineiridade entende a importância de Minas para o Brasil.

Se Aécio não entender isso, paciência, azar de Aécio. Minas e os mineiros já entenderam.

Arruda Serra é um descalabro em si, por si, no que representa e no que traz consigo.

No programa PAINEL, da GLOBONEWS, conduzido pelo jornalista norte-americano naturalizado brasileiro, ou vice versa William Waak, o ex-chanceler de FHC, Horácio Láfer, deu a dimensão do governo FHC e de um eventual (felizmente cada vez mais difícil) José Arruda Serra.

Perguntado sobre porque tirou os sapatos e submeteu-se a uma revista no aeroporto de New York sendo chanceler, ministro de um governo amigo, disse que preferiu cumprir a lei a “dar uma carteirada”. Ou seja, caiu de quatro ali e continua de quatro aqui e agora.

É o que essa gente quer para o Brasil.
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Laerte Braga é jornalista. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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domingo, 23 de maio de 2010

Gabeira lança-se à pré-candidatura no Rio, por enquanto sem Marina ou Serra, que ele garante: virão na festa oficial

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Sem Marina ou Serra, Gabeira lança-se à pré-candidatura no Rio

Segundo Gabeira, eles somente estarão presentes na convenção estadual que formalizará a candidatura, a ser realizada no mês que vem.

Por Redação - do Rio de Janeiro

O Partido Verde do Rio de Janeiro consolidou, na manhã deste domingo, sua aliança com o PSDB o DEM e o PPS, partidos da oposição ao governo Lula. A coligação terá o deputado federal Fernando Gabeira como candidato ao governo estadual. Ao lançamento, porém, não compareceram os dois pré- candidatos à Presidência que apoiam Gabeira, Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB). Segundo Gabeira, eles somente estarão presentes na convenção estadual que formalizará a candidatura, a ser realizada no mês que vem.

Em seu discurso, Gabeira relembrou os entraves à aliança, mas garantiu que, desta vez, a união está garantida.

– Nossa coligação começou um pouco desajeitada. Me lembra o tuiuiú. Quando se move, ele parece que não vai conseguir levantar voo, mas depois voa mais alto que os outros – disse o pré-candidato.

Gabeira também tocou apenas por alto sobre as propostas que pretende defender durante a campanha. Uma delas é a ampliação dos transportes sobre trilhos.

– Vamos ter que romper a cumplicidade dos políticos com empresa de ônibus. Não é possível que um punhado de velhacos que recebe dinheiro mensalmente consiga impedir o avanço dos transportes – afirmou o deputado.

Estiveram presentes ao lançamento o pré-candidato a vice-governador Márcio Fortes (PSDB), os pré-candidatos ao Senado, Cesar Maia (DEM) e Marcelo Cerqueira (PPS), além de parlamentares, dirigentes partidários e alguns militantes.

CORREIO DO BRASIL

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alguns recados do Irã: a paz invadiu o meu coração

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Por Beto Almeida

Após o anúncio do acordo construído entre Brasil, Irã e Turquia para evitar que a nação persa sofra novas sanções ou que tenha que renunciar ao seu direito de desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos, já se nota em certos segmentos políticos e midiáticos brasileiros uma tentativa de desmerecer a importância da iniciativa do presidente Lula que conseguiu apoio também da Rússia e da China.

Por isso mesmo vale colocar em realce - como já tem feito a imprensa internacional - os desdobramentos políticos que o Acordo Nuclear Brasil-Irã-Turquia poderá promover. A viagem de Lula à Teerã foi cercada de imenso ceticismo, silencioso ou declarado, como o da Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton que disse que o presidente brasileiro iria ter que enfrentar uma montanha de problemas, desacreditando do êxito de sua empreitada. É como se não soubesse que Lula, desde que nasceu, enfrentou os mais montanhosos e espinhosos problemas que seres humanos pobres, nascidos no Nordeste, foram obrigados a enfrentar, a começar por vencer a pena de morte a céu aberto que executava crianças nordestinas pela fome dia-a-dia, fenômeno político denunciado com franqueza e precisão por outro nordestino mundialmente respeitado, Josué de Castro. Na mesma linha, o chanceler francês - que não acredita que o fim da tarde é lilás - chegou a afirmar de modo deselegante e desrespeitoso, que Lula seria embromado pelos iranianos, sendo obrigado a corrigir-se e a desculpar-se por orientação do presidente Sarkozy, este talvez mais pragmático e interessado na bilionária venda dos aviões Rafale para o Brasil.

O acordo é uma lição para muita gente. Não seria petulante afirmar que o episódio constitui grande recado para o presidente dos EUA, Barack Obama. Afinal, não deveria ser dele, Prêmio Nobel da Paz, a iniciativa principal de promover o diálogo, insistir em saídas pacíficas, apostar em soluções cooperativas, ao invés de falar precipitadamente na lógica das sanções que, obviamente, são muito interessantes para as encomendas da indústria bélica? Talvez por ser prisioneiro do Complexo-Militar-Industrial, denunciado por um ex-presidente dos EUA, Obama ainda não demonstrou claramente estar o Prêmio nas mãos mais adequadas....

O acordo firmado entre Lula, Ahmadinejad e o chanceler turco Ebergan manda recados também para o Conselho de Segurança da ONU, que, antes mesmo de explorar as possibilidades de uma saída pelo diálogo e que não implicasse no veto aos países que - como o Irã e o Brasil, entre outros - estão desenvolvendo tecnologias nucleares para finalidades pacíficas, deu péssimo exemplo de intolerância e prepotência ao mundo. O Conselho só tem falado em sanções, em ameaças, sem sequer referir-se ao fato que a via das sanções aplicadas por ele até hoje tem resultado, fundamentalmente, em castigos militares de gigantescos sofrimentos, perdas de vidas, destruição e rigorosamente nenhuma solução, como se observa no Afeganistão e no Iraque.

Embora o impacto internacional positivo seja inegável, o acordo traz ingredientes novos para o debate político brasileiro já que o candidato oposicionista, José Serra, manifestou-se de maneira negativa à viagem de Lula ao Irã, afirmando que nem iria lá, nem convidaria o presidente iraniano a vir ao Brasil. Se o objetivo é buscar soluções negociadas, por meio de conversações complexas e delicadas, como podem Obama, o chanceler francês, o Conselho da ONU e José Serra não privilegiarem o diálogo direto com a parte envolvida, o Irã, para se alcançar a paz? Sintonia entre tucanos e falcões....

Para a mídia sobram muitas lições, sobretudo para grande parte da mídia brasileira que, desde o anúncio da viagem de mandatário brasileiro à antiga Pérsia encontrou inúmeras qualificações negativas e pessimistas para a iniciativa, algumas de escassa qualificação, como aquelas que davam a entender que o “Lula não se enxerga”, ou que “isto é apenas uma bravata”. Ou, então, que seria pretensioso acreditar que o Brasil poderia ter alguma importância na solução de um problema de tão grande porte e tão distante. Uma por uma estas conceituações midiáticas, provavelmente eivadas de uma certa dose de preconceito, foram, pouco a pouco, desmanchando-se no ar. Agora, até mesmo os mais pessimistas admitem que o acordo reveste-se de importância altamente relevante e que é uma vitória de Lula e da política externa brasileira independente e soberana. O mundo inteiro está discutindo o gesto brasileiro, e rejeitá-lo será altamente desgastante para eles, sobretudo para o Prêmio Nobel da Paz.

O curioso é que esta mesma mídia reconhece e destaca o protagonismo de outro brasileiro, Oswaldo Aranha, quando das gestões feitas para a criação de Israel, há décadas. Mas, agora, quando Lula insiste em ter voz ativa, convocando ou até mesmo desafiando as grandes potências a empenharem-se na via pacífica, seja para o Irã, para o Iraque, como também, por desdobramento, para a Questão Palestina, nenhum reconhecimento. O difícil mesmo é acreditar que tanto o Prêmio Nobel da Paz, como os demais dirigentes dos países ricos, tenham coragem em apostar em caminhos que contrariem a indústria bélica. Coragem, que Lula, em sua dialética de retirante, tem demonstrado ter de sobra.

Beto Almeida é jornalista e membro da Junta Diretiva da Telesur

Caros Amigos
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

EUA vão se dar mal se adotarem sanções contra o Irã’, diz Garcia

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Assessor de Lula diz que medidas não são legítimas e não serão bem recebidas pelo mundo

Andrei Netto, enviado especial a Madri

MADRI – O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta terça-feira, 18, em Madri, que a eventual adoção de sanções contra o Irã por parte dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, França, Reino Unido, Rússia e China – não será legítima, nem bem recebida pela comunidade internacional.

Para Garcia, o acordo assinado pelo Irã, aceitando as condições internacionais para troca de combustível radioativo, deveria servir como primeiro passo nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. “Se os EUA optarem pela sanção, eles vão se dar mal. Vão sofrer uma sanção moral e política. Cabe aos EUA decidir se querem ou não um new deal com o Irã”, afirmou.

Nesta terça, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou que as potências nucleares entraram em acordo sobre um rascunho do novo pacote de sanções a ser aplicado sobre o Irã. Segundo a americana, o documento será apresentado ainda nesta terça para todo o Conselho de Segurança na sede da ONU, em Nova York.

O anúncio ocorre um dia depois de o Irã assinar um acordo com o Brasil e a Turquia para realizar a troca de urânio enriquecido por material nuclear pronto para ser usado em um reator de pesquisas. A proposta é semelhante à firmada entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Teerã em outubro do ano passado, embora os iranianos tenham deixado o pacto na ocasião.

Segundo o assessor, a Casa Branca já tinha disposição para pressionar o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por meio de restrições econômicas antes da assinatura do acordo. “A posição dos EUA era sim às negociações, mas após as sanções”, disse. “É ilusão pensar que o Irã, que não é um país qualquer, se deixaria abater por sanções econômicas. Outros menos fortes não se deixaram”, completou Garcia.

As sanções eram pretendidas pelas potências ocidentais, que temem que o Irã enriqueça urânio para produzir armas de destruição em massa. Elas dizem que a República Islâmica não coopera com a AIEA nas investigações sobre seu programa nuclear. Teerã, porém, nega e afirma que mantém as atividades atômicas apenas para produzir energia elétrica.

LUIS NASSIF ONLINE

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Ilustração: AIPC Atrocious International Piracy of Cartoons

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domingo, 16 de maio de 2010

Aiatolá Khamenei, para o presidente Lula: "O que incomoda os EUA é a cooperação entre países independentes"

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Al-ManarTV, Beirute

O presidente do Brasil Luiz Inacio Lula da Silva está em visita nesse domingo ao Irã, em visita considerada a “última chance” para um acordo com a República Islâmica a respeito de seu programa nuclear, antes que a ONU imponha a quarta rodada de sanções contra o Irã.

Lula esteve reunido com o Líder Supremo do Irã, aiatolá Sayyed Ali Khamenei, que comentou “o barulho” que os países ocidentais estão fazendo em torno da visita do presidente do Brasil ao Irã. “Os poderes dominantes, os EUA à frente, não estão gostando de ver surgirem relações de cooperação entre países independentes” – disse o Líder Supremo, em material divulgado pela televisão estatal.

O aiatolá Khamenei elogiou o Brasil como país que não cedeu à chamada “hegemonia” dos EUA e reforçou a importância de se criarem relações mais próximas entre países independentes e não-alinhados.

Para Sua Eminência, o fato de os EUA estarem incomodados com a aproximação entre os países independentes foi a causa da onda de propaganda que se viu, em todo o mundo, antes da visita do presidente do Brasil ao Irã. Nas palavras de Sua Eminência, o caso do Irã mostra que é indispensável resistir à “hegemonia dos EUA e jamais desacreditar do desejo de Deus e da força do povo.”

O presidente Lula disse que estava feliz por ter podido visitar o Irã, e começado a preparar o terreno para a promoção de laços bilaterais. Para o presidente do Brasil, a atual ordem mundial é “excludente e opressora” e repetiu que é preciso introduzir mudanças na própria natureza do Conselho de Segurança da ONU, sobretudo no direito de veto de alguns membros. Para Lula, países como o Irã contribuem para a construção de um novo bloco econômico e político, e a República Islâmica tem o direito de defender a própria independência em todos os fóruns de negociação.

A mídia estatal iraniana registrou que, nos primeiros contatos entre os presidentes do Brasil e do Irã, todos falaram sobre ampliar laços comerciais e diplomáticos, mas não discutiram a questão nuclear.

O presidente Ahmadinejad “agradeceu ao presidente do Brasil o apoio à defesa dos interesses iranianos e a posição do governo brasileiro, de trabalhar para um mundo melhor e mais justo”, lê-se em postado na página Internet da presidência do Irã. “A verdade é que alguns países, que dominam a ‘mídia’ mundial e os centros econômicos e políticos, não querem que o resto do mundo avance. Mas, juntas, as nações independentes podem vencer essas condições injustas e construir meios para que todos possamos progredir”, disse o presidente iraniano (em http://www.president.ir/en/?ArtID=21860).

Lula sempre teve posições favoráveis à atividade nuclear iraniana para fins pacíficos e várias vezes declarou que Teerã tem direito de usar a energia nuclear e que mais sanções econômicas ou não terão efeito algum, ou serão contraproducentes. Em Moscou, a caminho para Teerã, Lula disse a repórteres que está “otimista” e que espera conseguir construir um acordo que satisfaça todos os interesses.

Al - Manar TV





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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sacco e Vanzetti: Trailer do Caso Battisti

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Carlos Alberto Lungarzo

Vários observadores sociais e comunicadores compararam o processo sofrido por Cesare Battisti, especialmente durante 2009, quando foi oficialmente julgado, com o caso dos anarquistas italianos Sacco e Vanzetti, que, durante a década de 1920 foram acusados pelo assassinato, sem provas concretas e com testemunhas duvidosas. Hoje, todos aceitam que ambos foram vítimas de uma vingança da justiça e das elites norte-americanas, que queriam destruir o anarquismo e o comunismo, e propagar o terror entre os trabalhadores.

O processo, condenação e morte dos dois amigos durou de 1920 até 1927. Nesse período, em quase todo o mundo se realizaram atos de protesto, se organizaram passeatas de milhares de pessoas, e se proferiram denúncias públicas de meios de comunicação e dos mais famosos e míticos intelectuais da época, como G. Wells, Bernard Shaw e B. Russell.

Meu intuito neste artigo é mostrar que, apesar da certeza unânime de que os militantes italianos eram inocentes, e de que seu julgamento foi uma grande farsa, o grau de distorção e mentira não foi o máximo. No caso de Cesare Battisti, houve um nível de falsidade, fraude e manobras tortuosas, bastante (ou talvez muito) maiores que naquele caso. Este assunto pode ser visto, então, como um trailer do que seria, 90 anos após, o filme de Battisti: uma amostra grande, truculenta, assustadora, mas ainda assim menos nojenta que a grande tramóia de 2009.

Os Crimes e as Acusações

Nos Estados Unidos da década de 20, as elites capitalistas se sentiam acuadas pela ação do movimento operário, que, apesar dos ataques brutais recebidos desde décadas anteriores (cujo ápice foi o massacre de Chicago, no 1º de maio de 1886), tinha incrementado sua capacidade de luta. Os anos entre 1917 e 1920 formam o período de mais intensa repressão política na história dos Estados Unidos, conhecido como Red Scare (Ameaça Vermelha), inaugurado no mesmo momento em que se preparava a Revolução russa de Outubro de 1917.

Apesar da distância, o país reagiu ao surgimento do poder soviético com igual velocidade que os mais reacionários estados da Europa. Durante esses quatro anos, a propaganda contra os comunistas e os anarquistas, a agitação da mídia, e a brutalidade policial e jurídica, que continuariam por muitas décadas, atingiram seu pico mais exasperado. Foi nessa época que trabalhadores de esquerda foram submetidos a julgamentos fraudados e coroados por punições desproporcionais.

O caso dos anarquistas Nicola Sacco (1891) e Bartolomeu Vanzetti (1888) foi um imenso circo para converter pessoas inocentes em grandes bodes expiatórios, numa luta não apenas contra a praxe, mas até contras as idéias da esquerda. Se o militante sueco Joe Hill foi tornado símbolo de uma vendetta burguesa “provinciana” (pois seu julgamento e sua execução foram rápidas e sua repercussão foi pequena fora do estado norte-americano de Utah), estes dois imigrantes italianos foram usados para transformar essa vendetta num grande espetáculo de terror. Era uma advertência contra toda a esquerda que defendesse os direitos dos trabalhadores.

Em abril de 1920, dois pagadores de uma fábrica de sapatos, situada numa pequena cidade perto de Boston (no estado de Massachusetts) foram assassinados por desconhecidos, que roubaram todo seu dinheiro. A polícia sabia que Sacco, artesão sapateiro, e Vanzetti, vendedor ambulante de peixe, eram militantes anarquistas e os deteve como suspeitos um mês depois, apesar de não ter nenhuma prova nem testemunha contra eles, e de que nenhum deles tinha sido preso antes.

Ambos foram acusados do assassinato dos pagadores, mas puderam apresentar fortes álibis, fornecidos por testemunhas de boa reputação para o critério dos conservadores que dominavam o estado. Uma das testemunhas era um funcionário do consulado de Itália, que lembrava ter estado com Sacco no momento do crime, e descreveu todos os detalhes do trâmite de obtenção do passaporte do imigrante, que tinha ido até a delegação de seu país para obter esse documento. Apesar da clareza dos depoimentos, o juiz e o promotor os desprezaram, e aduziram que as testemunhas eram arranjadas.

Contudo, de maneira diferente ao que aconteceria com Battisti na década de 1980 1981 (mais de 60 anos após), Sacco e Vanzetti tiveram direito à defesa, e contaram com os melhores advogados socialistas e libertários que havia no país.

Outra diferença é que, enquanto Battisti foi acusado de ser o dono da arma dos crimes sem prova nenhuma, e sem que arma nenhuma fosse jamais mostrada, os anarquistas italianos tiveram direito a um teste balístico de disparos. Isso, porém, não adiantou, porque o promotor Frederick Katzmann (muito menos tortuoso que o magistrado Armando Spadaro do caso Battisti, mas, mesmo assim, um fanático inimigo da esquerda), aceitou uma perícia forjada que indicava que uma das balas do crime era do revólver de Sacco.

A perícia de revólver de Vanzetti foi mais escandalosa que a de Sacco, pois o projétil e a arma não coincidiam nem mesmo no calibre (a bala era de calibre 32 e o revólver de Vanzetti era um Colt 38).

Além disso, Battisti foi acusado de quatro homicídios, sem que os juízes se importaram com a impossibilidade física de ter atuado nos quatro crimes. No período do julgamento de Sacco e Vanzetti, em que a repressão foi a mais violenta de história urbana dos Estados Unidos, houve outros delitos políticos, mas os juízes não tentaram colocá-los também na conta dos italianos.

Montagens e Tramóias

O chefe da defesa era o esforçado e corajoso advogado socialista californiano Fred H. Moore, incansável lutador em prol das causas políticas e sindicais dos trabalhadores. Durante o julgamento, foi insultado várias vezes pelo juiz Webster Thyler, um membro da corte suprema estadual, conhecido por sua mediocridade, por ter obtido um diploma em troca de favores, e por mudar de partido político segundo a conveniência. (Alguma coincidência?) Thyler se gabou de que acabaria condenado ambos de qualquer jeito, e injuriou a Moore, desprezando sua origem californiana.

As testemunhas de acusação eram “menos” forjadas que as de Battisti, pois, pelo menos, tinham nome e profissão e seus dados eram conhecidos. Entre elas estava a bibliotecária Mary Splaine, a enfermeira Lola Andrews, o capitão de polícia William Proctor e um desempregado chamado Lewis Pelser. Tempo depois de seus depoimentos, estes quatro denunciaram que suas declarações tinham sido distorcidas ou obtidas por coação, mas foram ameaçados e impedidos de pedir a retificação ao tribunal.

Splaine reconheceu que esteve, durante poucos segundos, a uma distância de quase 100 metros de distância do lugar do crime, e que realmente não tinha reconhecido os atiradores. Andrews denunciou ter sido coagida sob ameaça, e Pelser declarou ter sido obrigado a assinar enquanto estava bêbado. O capitão Proctor foi mais enfático: afirmou que tinha advertido o promotor que as balas do crime nada tinham a ver com as armas dos réus; também revelou que seu depoimento foi alterado pelo ministério público, mesmo depois de redigido.

O júri, montado da maneira habitual nos Estados Unidos, com base em critérios subjetivos e parciais, gastou em sua deliberação menos de três horas, uma proporção ínfima do que consume uma deliberação média em casos bem mais simples que aquele. Depois, entregou um veredicto unânime de culpabilidade, o que condenou os acusados à pena de morte. Entretanto, como acontece até hoje em muitos julgamentos, a ameaça da morte ficou pendendo sobre os réus até muito tempo depois. Só seriam eletrocutados em agosto de 1927, passados sete anos de calvário e terror.

Em 1924, a polêmica ainda continuava, focada agora na adulteração de provas pelos magistrados (por exemplo, a mudança do cano do revólver de Sacco), a falsidade de algumas perícias, as declarações prévias ao julgamentos de alguns membros do júri, e a permanente atitude de ódio e ofensa do juiz contra os defensores. De maneira exatamente oposta ao que aconteceu no Brasil, uma parte da imprensa convencional denunciou a parcialidade do juiz e o acusou de baixo nível moral e de procura de notoriedade.

Em 1925, Sacco conheceu na prisão o imigrante português Celestino Madeiros, membro de uma gangue muito temida, que fora preso por outro crime e foi executado na mesma época que os dois italianos. Naquele momento, Celestino confessou ser o responsável da morte dos pagadores, e negou que tivesse qualquer colaboração de Sacco ou de Vanzetti, aos quais nem mesmo conhecia antes do crime. O juiz se recusou a reabrir o caso e ter em conta a confissão do verdadeiro assassino.

Isto tem duas analogias com o caso Battisti: (1) O verdadeiro autor da morte da primeira vítima, chamado Pietro Mutti, confessou seu crime. A diferença é que ele não manteve sua confissão, como Medeiros, mas mudou depois de versão, acusando a Battisti, em troca de benefícios concedidos pela justiça. (2) Os juízes se recusaram a aceitar a confissão de Medeiros como prova. Da mesma maneira, o Supremo Tribunal Federal que condenou Battisti à extradição, se recusou a aceitar provas em favor do réu, que seus amigos tinham obtido depois de cuidadosas e irretocáveis investigações. O relator chegou ao extremo de incomodar-se porque pessoas amantes da verdadeira justiça ousavam questionar a tramóia.

Antes da execução, Sacco e Vanzetti foram brevemente interrogados no mesmo presídio pelo reacionário semifascista governador Alvin T. Fuller, que entrou nas celas separadas dos dois amigos, protegido por uma poderosa guarda. No momento de seu interrogatório, Vanzetti deu uma mostra de desafio muito parecida às que deu Battisti no confronto com seus juízes de Milão, durante o processo de 1981.

Apesar de estar enfraquecido por uma greve de fome de vários dias, Vanzetti improvisou um forte discurso, reivindicando seus ideais libertários, e acusando o governador e os juízes de ter fraudado esse processo. Num último esforço, tentou avançar sobre a comitiva, mas, segundo boatos espalhados pela imprensa, teria sido controlado com requintes de violências.

Durante os sete anos de martírio e especialmente quando se aproximava sua execução, os amigos italianos receberam milhares de manifestações de solidariedade, incluídas às dos mais famosos intelectuais da época, entre eles algumas figuras lendárias: John Dos Passos, Alice Hamilton, Paul Kellog, Jane Addams, Heywood Broun, William Patterson, Upton Sinclair, Dorothy Parker, Ben Shahn, Edna St. Vincent Millay, Felix Frankfurter, John Howard Lawson, Freda Kirchway, Floyd Dell, Bertrand Russell, George Bernard Shaw e H. G. Wells.

A Reação da Sociedade

Temos um sentimento muito claro de que o mundo tem progredido. O fascismo, que então começava, foi derrotado na guerra, embora ainda não foi eliminado e sua força é muito grande em vários países. O racismo também é menor, inclusive nos Estados Unidos. Ninguém sonhava em 1920 nem em 1970 com um presidente mulato. A pena de morte foi eliminada da Europa, e a tortura, apesar de assomar sua horrível cabeça em muitos países, é hoje menos tolerada que há 90, 80 ou 40 anos.

Entretanto, o caso de Sacco e Vanzetti chacoalhou quase todo o Ocidente, e até alguns lugares do Oriente. Houve manifestações nas principais cidades de Europa, nas Américas e até na Índia. Algumas das passeatas atingiram a quantidade de 250 mil pessoas, um número que impressiona se pensamos no tamanho das cidades há 80 ou 90 anos.

Quando eu era criança, os mais velhos me contavam a história de Sacco e Vanzetti, acontecida 40 anos antes. Minha família não tinha nada de esquerda, e nossa cidade estava a milhares de quilômetros dos Estados Unidos. Mas, quando pensamos no caso Battisti, parece que esse progresso da humanidade não atingiu alguns países e algumas instituições.

Com efeito, o julgamento de Battisti foi mais falso, tortuoso e bufonesco que o de Sacco e Vanzetti. Não houve prova nenhuma, nem testemunhas reais, e até os documentos mais simples, como procurações, foram falsificados pela justiça italiana. Já no Brasil, o Supremo Tribunal não se deu ao trabalho de ler as provas. Não houve o mínimo pudor de fingir interesse, mesmo que a sentença posterior fosse aquela que convinha aos condottieri. O relator do caso simplesmente desprezou qualquer oportunidade de esclarecimento, e até ofendeu os amigos de Battisti que reclamavam a verdade.

Uma explicação para a diferença entre ambos os casos é que, apesar de seu caráter arbitrário e sua aplicação exorbitada da pena de morte, a justiça norte-americana (nas comarcas fora do Sul do país) sempre foi menos imoral e mais garantista que a Italiana e que a dos países da América Latina. A comparação entre o caso Battisti e o de Sacco e Vanzetti mostra que a máfia stalino-fascista do judiciário de Milão era mais corrupta e sádica que a dos estados ianques, mesmo em tempos de grande perseguição.

Embora na França e parcialmente no Brasil, se tenha sentido a reação de um setor esclarecido e corajoso da sociedade, os atos concretos de protesta foram muito menos intensos que os da época dos anarquistas italianos. Será que nosso progresso moral e social é apenas uma ilusão? Talvez não.

Os quase 16 mil dólares roubados no assassinato dos pagadores da fábrica de sapatos nunca foram encontrados. Nenhuma parte desse dinheiro apareceu na casa de Sacco nem na de Vanzetti nem das de seus amigos. Por sua vez, o português Celestino morreu na cadeira elétrica bradando que os italianos eram inocentes.

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Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é de número 2152711.

Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

AS FORTES E INEXPUGNÁVEIS RAZÕES DO ELEITORADO TUCANO

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(SERRAMORFOSE - Atroz - 2010)

Raul Longo*

Muitas vezes me pego pensando quais seriam as razões para José Serra ou outro candidato demotucano, com o histórico de seus partidos, aliados e correligionários, ainda despontarem nas pesquisas de opinião pública com alguma possibilidade de serem eleitos.

A primeira razão que se me apresenta sempre é o condicionamento provocado pela espetacularização das acusações de Roberto Jefferson e a ampla especulação da mídia sobre o caso do mensalão. Mas aí fico pensando sobre como pôde se cristalizar tamanha falácia na consciência dessas pessoas, a ponto de não serem capazes de avaliar os fatos e não considerarem as evidências.

Ora! Por lógica universal e humana, aquele que viabiliza e colabora com investigações sobre si mesmo ou o que representa, por tal atitude já demonstra inequívocos indícios de inocência do que seja que for acusado.

Também é evidente que qualquer acusado faça o que lhe for possível para evitar que tais investigações sejam destorcidas e manipuladas, principalmente em política. No caso do governo Lula, essa previdência sempre é logo alardeada por parlamentares e pela imprensa como tentativa de impedimento de instauração das CPIs, mas o fato é que nunca se montou tantas Comissões Parlamentares de Inquérito nem se as divulgou com mais minúcias. Houve até CPIs que investigaram de tudo, menos o tema pelo qual foram requeridas. E os parlamentares demo/tucanos tiveram direito até de ameaçar o Presidente de tapas e socos, chamando-o pra briga de rua.

As conclusões a que chegaram aquelas CPIs e as tantas investigações policiais, do Ministério Público, das Corregedorias, através das análises dos processos apresentados ao poder judiciário que, diga-se de passagem, sempre foi francamente opositor ao executivo, foram que:

1 – Não houve qualquer esquema de mesada ou retribuição regular, pois as datas de recebimento de importâncias destinadas aos partidos para pagamento de dívidas de campanha eleitoral não coincidiram, em nenhuma ocasião, com aprovações ou apresentações de projetos do governo à câmara. Deduziu o judiciário que em não havendo esquema de mesada, não houve mensalão nem formação de quadrilha. Não havendo formação de quadrilha, o acusado como chefe não chefiou coisa alguma, embora tenha tido seu mandato de deputado indevidamente cassado.

2 – Houve, sim, um esquema de caixa 2 em tudo similar com o mesmo esquema utilizado no pleito anterior pelo PSDB. O mesmo intermediário: Marcos Valério, os mesmos agentes financeiros e praticamente a mesma importância movimentada. Com apenas duas diferenças: a) o caixa 2 do tesoureiro do PT destinava-se a pagamento de campanhas de diversos municípios brasileiros; e o caixa 2 do presidente do PSDB à campanha ao governo do estado de Minas Gerais. b) o PT vinha honrando o pagamento dos empréstimos regularmente e com recursos próprios; e o PSDB deu o calote.

Comprovados tais fatos, no mínimo se haveria de considerar um partido tão indigno de voto quanto o outro, mas os eleitores demotucanos insistem em clamar por uma ética da qual eles mesmos se comprovam despossuídos.

3 – Roberto Jefferson confessou o crime de roubo de dinheiro do próprio partido.

4 – Todas as requisições de Roberto Jefferson para que o Presidente Lula fosse arrolado como ciente e integrante do esquema de caixa 2, foram indeferidas por unanimidade de votos no Supremo, inclusive dos ministros tradicional e declaradamente opositores ao governo Lula e apoiadores do governo anterior. O Supremo decidiu por uma representação junto à OAB, solicitando da entidade uma advertência ao advogado de Jefferson pelas constantes tentativas de tumultuar os processos, na evidente tentativa de protelar a própria condenação, o que também afeta a obtenção de novas conclusões sobre aquelas acusações através das quais a mídia e a oposição pretendiam promover o impeachment do governo Lula.

Não funcionou porque afora essas conclusões, os escândalos paralelos montados e especulados pela mídia a partir da rigorosidade das investigações determinadas pelo governo, também foram desqualificados pelo levantamento de provas e conclusões das próprias investigações, como no caso do exaustivamente explorado dinheiro na cueca do assessor do irmão do Genoíno. Provou-se e comprovou-se que, além do exercício da função de assessor do irmão do político do PT no Ceará, o sujeito é, de fato, proprietário de uma revenda de automóveis no estado de Sergipe, negócio para o qual, de fato, destinava-se a importância com que foi interceptado pela Polícia Federal. Teve o azar de cair na malha fina das investigações demandadas pelo próprio governo.

Além desta, todas as demais especulações, como a dos dólares e o uísque de Cuba, foram minuciosamente desmontadas, revelando a maior armação política já estruturada no país por políticos e jornalistas tradicionalmente conhecidos como chantagistas e golpistas. Muitos deles com amplo histórico de utilização desses recursos, até mesmo para coação e extorsão de favores sexuais.

Não são apenas informações que me chegam por confidências de antigos colegas da imprensa, daquelas que sempre os profissionais da área detêm, mas não podem divulgar por falta de comprovação ou para evitar processos que não teriam como arcar com as custas de defesa. E até mesmo por manutenção da integridade física.

Além dessas informações, que também não são poucas, me refiro a fatos já divulgados pela grande imprensa, como as matérias publicada pela Veja sobre as chantagens de Antonio Carlos Magalhães contra uma ex-secretária e amante.

ACM morreu impune desse crime e de outros muito piores, mas o eleitor demotucano ainda continua repetindo a acusação berrada em plenário de que o caixa 2 do PT tenha sido o maior esquema de corrupção da história política do país, como se o coronel baiano fosse o modelo utilizado para as pinturas e esculturas de anjos e mártires nas barrocas igrejas soteropolitanas.

Será por enorme e impressionante ingenuidade que os eleitores demotucanos ainda acreditam nos candidatos de seus partidos?

Às vezes, ainda que incrível, parece ser essa a razão, pois apesar de todas as evidências contrárias, piamente acreditam em qualquer acusação de que o atual governo exerça censura aos meios de comunicação. Nunca jornalistas trataram com tamanha irresponsabilidade pessoas de vida pública, como reiterada e impunemente agem os pistoleiros da mídia, chegando a publicar grosseiras montagens em programas gráficos como fez a Barbara Gancia que acabou se vendo obrigada a desculpar-se, dedurando um colega da Isto É pela publicação de uma foto do Zé Dirceu sobre uma Halley Davidson.

E o pobre do eleitor tucano não consegue sequer raciocinar sobre a possibilidade de qualquer pessoa de razoável poder aquisitivo adquirir a mesma motocicleta. Não consegue nem ao menos se revoltar contra os jornalistas que especulam com a certeza de sua incapacidade de raciocínio. Ainda quando a própria Gancia reconhece sua irresponsabilidade sob a ameaça de ser processada perante o fato incontestável de que Dirceu jamais pilotou motocicleta alguma por não ser habilitado para tal, o demotucano não se revolta contra quem o enganou, mas, sim, contra aquele que impede que prossigam enganando-o.

Terão os profissionais da imprensa brasileira tal capacidade de desabilitar o exercício do raciocínio e desenvolver uma masoquista atração pela enganação? Sabe aquilo de mulheres que só se apaixonavam por homens canalhas? Ou a chamada mulher de malandro? E eu que sempre achei que esse negócio de mulher que gosta de apanhar fosse folclore! Vai ver existiram mesmo. Foram as precursoras do eleitorado demotucano.

Boris Casoy, por exemplo, apesar de noticiar frente às câmeras a comprovação da absoluta falta de relação de Genoíno e do irmão com o dinheiro encontrado na cueca do assessor, continuou referindo-se ao episódio como que esquecido da notícia que ele próprio divulgou. E só veio a parar de falar no assunto depois que assessores e aliados do DEM foram filmados enfiando dinheiro na cueca e das meias no gabinete do governo do Distrito Federal. No entanto, mesmo depois de Casoy declarar sua decisão de se demitir da Record por discordâncias com a diretoria da empresa sobre reformulações da programação, o doentio imaginário do eleitor demotucano criou a lenda de que teria sido afastado pela censura do governo, culpando pessoalmente ao presidente Lula! O que fez Casoy? Aderiu e mais tarde disse que, pensando melhor, seus espectadores é que tinham razão. Foi demitido por Lula.

Surreal?



Sei apenas que, atônito, me pergunto como pode ser possível que, aqui, brasileiros ignorem o que jornalistas lá da Inglaterra comentam como escandaloso atentado contra a democracia, recordando o arquivamento de 600 denúncias contra o governo FHC; e ao mesmo tempo acreditem na veracidade de um relatório ultrassecreto do Pentágono ou da CIA sobre investigações de eminente instauração de ditadura por Lula. Acreditaram(?) e distribuíram para todos os endereços eletrônicos que possuiam, pedindo aos seus correspondentes para avisarem ao mundo sobre a descoberta top secret do governo Estados Unidos.

Como alguém pode não só acreditar numa estupidez desse tamanho, mas orgulhosa e ansiosamente distribuir esses “achados” apócrifos, sem o menor constrangimento. Constrangimento não pelo ato, já de per si bastante vergonhoso, mas da conclusão a ser tirada por qualquer destinatário mais ou menos inteligente, atestando que o remetente de tal absurdo ou é um absoluto mentecapto ou idiota arrematado.

Com total razão o William Bonner considera esses seus espectadores tão estúpidos quanto o personagem Homer Simpson, pois superam até mesmo seus arquétipos da imprensa, como se comprovou na ocasião em que bastou o Alexandre Garcia tirar umas férias para divulgarem na internet a mentira de que o sujeito teria sido demitido da Globo pelo governo. Garcia voltou de férias com o mesmo jornalismo especulativo publicamente assumido pelo editor Ali Kamel. Descanso para o esforço de produção de mentiras do espectador, confortavelmente abastecido pelas criadas pelo ídolo que, no imaginário de seus fãs, já fora martirizado por uma censura muito mais cruenta do que a da Dona Solange, a responsável pelo setor nos tempos da ditadura e que, hoje, felizmente só existe na imaginação desses eleitores demotucanos, além dos casos de demissão de jornalistas de São Paulo, exigidas por José Serra. Esses, sim, reais, concretos e efetivos.

Tais e tantas contradições sempre me atarantaram. Eu tinha de encontrar uma lógica, uma razão para isso tudo. Não me parecia possível que pudesse alguém ser tão impossibilitado de dimensionar as extravagantes proporções da própria estupidez manifesta a todo momento, inclusive quando continuam insistindo em que Dilma Roussef tenha sido uma terrorista, apesar da própria Folha de São Paulo ter reconhecido que a tal ficha do DOPS divulgada por suas páginas, não passou de um montagem falsa, feita em qualquer computador.

Mas, e se não fosse falsa? E se fosse verdadeira? Quem ignora que a ditadura militar matou, estuprou, mutilou, torturou, exilou? Quem ignora que os métodos e moldes empregados por todas as ditaduras militares da América Latina foram, assumidamente, os mesmo empregados pelos nazistas duas décadas antes, na Europa? O próprio Jimmy Carter, quando eleito à presidência dos Estados Unidos, afirmou que não toleraria o apoio de seu país às ditaduras nazistas da América Latina. Era uma denúncia de todos os observadores, analistas e intelectuais do mundo e, em todo o mundo, os que pegaram em armas para lutar contra o nazismo nos anos 30 e 40, foram heróis que combateram um regime de terror. Na Argentina, no Uruguai, no Chile e em todos os demais países do continente, os que pegaram em armas para combater o nazismo, são lembrados como heróis contra um regime de terror. As mães da Praça de Maio são consideradas heroínas dessa luta em todo o mundo.

Só na cabeça dos demotucanos brasileiros se inverte o herói em terrorista e o carrasco em vítima! Mas o que sabem esses coitados sobre os versos de Isidora Dolores Ibárruri? Da Pasionária? Que entenderão sobre “és mejor morir de pie do que vivir de rodillas. No pasarán!” Que sabem dos partisans, dos maquis na luta contra a ocupação alemã? Tupamaros e montoneros contra as ditaduras do cone sul do continente?

Sabem nada nem de si mesmos. Ignorantes que só sabem do que se enfia pela orelha adentro, misturam tudo à Al Qaeda e são capazes de acreditar que Dilma Roussef tenha participado de todas as ações da reação armada à ditadura nazifascista instaurada no Brasil em 1964, culpando-a por ter sobrevivido às torturas da nossa Gestapo. Para afirmarem que a bomba do Rio Centro só explodiu no colo daqueles que a iriam detoná-la na multidão, por culpa da Dilma Roussef, só falta que saibam o que foi a tentativa de atentado no Rio Centro.

Duvidam? Se alguém reproduzir o Omar Kayyam nos caracteres do idioma original e distribuir pela internet como comunicado do Bin Laden à Dilma Roussef, vai ver todo o eleitorado demotucano distribuindo os Rubaiyat como prova inconteste de que Dilma foi a autora intelectual do atentado de 11 de Setembro.

O que é isso? Será apenas mera ignorância?

Nunca o país apresentou com tamanha segurança a certeza de um futuro tão promissor em todas suas atividades econômicas e sociais, mas os eleitores demotucanos insistem em regredir ao que éramos há 8 anos, e, como não têm nada de positivo a relembrar daqueles tempos, insistem na divulgação de preconceitos ridículos e medíocres, a despeito das principais instituições do planeta, que elegerem o atual governo brasileiro como um modelo mundial, enaltecendo-nos com destaques que jamais poderíamos sequer imaginar.

Hoje nosso país é o inverso de quando, há apenas 8 anos, nos apontavam como o mais desqualificado membro da comunidade das nações. Mesmo nosso principal representante internacional, o ministro das Relações Exteriores, era obrigado a tirar os sapatos para ser revistado como qualquer suspeito, nos aeroportos dos Estados Unidos. Hoje é a chanceler deles que vêm buscar nosso apoio a uma ação internacional e, se for contra nossos interesses ou se discordarmos do que pretendem, recusamos. Com toda a diplomacia e cavalheirismo, mas temos soberania para recusar um pedido que contrarie nossos interesses, mesmo para a mulher de um ex-presidente e ex-candidata à presidência dos Estados Unidos.

Ainda há oito anos éramos obrigados a calar a boca e fazer exatamente o que determinavam nossos credores, por mais doloroso e sofrido que estas determinações tenham sido à população brasileira. E foram doloridas inclusive a estes mesmos eleitores que hoje insistem pelo retorno àquele passado abjeto, vergonhoso e de constrangedora memória para todo cidadão brasileiro que teve suas economias sequestradas pelo Plano Collor, ou seu emprego extinto pelo plano Real.

“Qual o problema dessa gente?” – pergunto-me seguidamente, sem conseguir compreender como podem não se sentir constrangidos por eles mesmos. Morro de vergonha por eles, mas eles riem como hienas após o repasto dos próprios excrementos! Acham graça da própria ignorância e estupidez! Palhaços rindo do próprio tombo. Ou melhor, do próprio constante escorregão do qual não conseguem se levantar, chafurdando-se no próprio elemento.

O que acontece com essa gente?

Enfim, eis que um desses meus correspondentes demotucanos me envia uma explicação muito clara de por que todos os demotucanos, todos esses que distribuem velhas piadinhas racistas e sem graça sobre o Presidente Lula, sobre Dona Marisa, sobre Dilma Roussef, sobre o Brasil e sobre os brasileiros, riem da própria indigência intelectual.

Agora, enfim, posso entender porque a imprensa alemã noticia que, lá, Lula é recebido pelos populares como uma grande atração internacional, e aqui ainda haja estúpidos suficientes para chamá-lo de apedeuto. Ou melhor: “apedeuta”, dizem, ignorando que como substantivo e adjetivo de 2 gêneros, chamar um homem de apedeuta é o mesmo que dizer que tal mulher é bonito.

Graças a esse meu correspondente que sempre apoiou os governos da ditadura militar, ex-eleitor de Maluf e Collor de Melo, atualmente fiel eleitor de candidatos demotucanos, consigo, finalmente, resolver esse quebra-cabeça, essa xarada de impossível solução. Sem essa ajuda, continuaria me batendo para tentar entender como pode um dirigente brasileiro ser apontado como Estadista Global pelo Conselho de Davos, influente liderança mundial pela ONU, pelo Le Monde, o El País, o Times e tantos outros; e haver brasileiros totalmente incapazes de avaliar o significado dessas distinções, para o Brasil.

Não recomendaria que abrissem o arquivo anexo e quem tenha condições intelectuais de considerar o que ainda significam para história da humanidade a tragédia de Chernobyl na ex-URSS ou a de Three Mile Island nos EUA, além das de Hiroxima e Nagasaki, não se deixe estranhar pelo lacônico comentário, abaixo, no corpo da mensagem do eleitor demotucano. Foi essa estranheza que me provocou o impulso de abrir este anexo Mulheres de Chernobyl

Não se faz necessário. Embora não seja nada que possa chocar além do impressionante mau gosto da piada como piada. Mau gosto não pelas imagens pueris ainda que grosseiras. Grosseiras sim, mas de enfadonha estupidez até mesmo para crianças um pouco melhor dotadas de inteligência, ainda que talvez façam rir meninos reprimidos, daqueles que aos quais, apesar da idade, ainda seja recomendável o uso de babador.

O que ai verdadeiramente impressiona não é o mau gosto explicito ou a estupidez da imagem, mas sim a morbidez do mote da piada, se é que isso pode ser entendido como piada.

Realmente, é de dar dó. Mas, enfim, me fez compreender o que se passa na cabeça dessa gente, aclarando-me por quais razões pensam o que pensam. Explica-se, aqui, e de forma muito clara, porque sempre direcionam seus votos aos mais lamentáveis personagens do cenário político nacional.

Custei para entender, mas com essa demonstração tão evidente, agora reconheço perfeitamente a razão da existência de tais políticos e de seus partidos.

Oh dó!

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*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz, Ponta do Sambaqui, Floripa/SC

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ahmadinejad aconselha os EUA a deixar a Região

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PressTV, Teerã - 12/5/2010

Presidente Mahmoud Ahmadinejad do Irã, disse hoje que passou o tempo das ocupações militares, ao comentar a presença, sempre em expansão, de soldados dos EUA no Iraque e no Afeganistão. O melhor que os EUA têm a fazer, disse o presidente iraniano, é retirar todos os soldados hoje no Oriente Médio.

Falando a uma multidão, na cidade de Yasuj, no sul do Irã, nessa quarta-feira, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse aos EUA:

“Aconselho-os a prestar atenção ao que a nação iraniana está dizendo: desistam de suas ideias obsessivas; aprendam a viver com outras nações, sob relações de justiça, solidariedade e amizade, como seres humanos; saiam do Oriente Médio; retirem seus soldados do Afeganistão, do Iraque; voltem para dentro de suas fronteiras e cuidem da sua vida e dos seus problemas, que não são nem poucos nem pequenos!”

Ahmadinejad ofereceu-se para ajudar os EUA e seus aliados a saírem do “atoleiro” em que se meteram na Região.

Teerã tem repetidas vezes culpado Washington pela instabilidade que assola o Oriente Médio, sempre agravada pela presença massiva de soldados dos EUA e da OTAN, no Afeganistão e no Iraque.

A invasão de 2001, do Afeganistão, logo depois dos ataques de 11/9 contra os EUA, foi decidida pelos estrategistas dos EUA, sob o pretexto de exterminar os guerrilheiros islâmicos e implantar paz e estabilidade em todo o país. Mas o que se vê, nove anos de guerra depois, são os EUA criticados em todo o mundo pela incapacidade de estabelecer qualquer paz ou qualquer estabilidade, ao mesmo tempo em que continuam a matar civis iraquianos, afegãos e agora, também, civis paquistaneses. Em vez de pensar em meios para construir a paz, a Casa Branca, agora, planeja enviar mais 30 mil soldados para o Afeganistão, sempre tentando conter os guerrilheiros afegãos, os quais, evidentemente, pelo que se pode ver, ainda não se deixaram nem dominar, nem “estabilizar”.

O presidente Ahmadinejad alertou o presidente Obama dos EUA, de que, se os EUA não puserem fim à ocupação do Afeganistão, o governo dos EUA acabará por fazer papel ridículo aos olhos do mundo – muito diferente, também nisso, da nação iraniana que, no mesmo período de tempo, conseguiu fazer-se ouvida e respeitada em todo o mundo.

A reportagem original, em inglês, pode ser lida em:

http://www.presstv.ir/detail.aspx?id=126248§ionid=351020101



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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

A TIRANIA ODIOSA IMPOSTA AO MUNDO

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Fidel Castro Ruz

A dolorosa realidade não deveria surpreender ninguém. Via-se aproximar a passos acelerados nas últimas décadas, a um ritmo difícil de imaginar.

Isso significa que Obama é responsável ou promotor dessa ameaça? Não! Demonstra simplesmente que ignora a realidade e não deseja nem poderia ultrapassá-la. Ou melhor, sonha coisas irreais em um mundo irreal. “Idéias sem palavras, palavras sem sentido”, como expressou um poeta brilhante.

Ainda que o escritor norte-americano Gay Talese, considerado um dos principais representantes do novo jornalismo, garantisse em 5 de maio –segundo informa uma agência de notícias européia– que Barack Obama encarnava a melhor história dos Estados Unidos no último século, o que poderia partilhar-se em alguns aspectos, em nada altera a realidade objetiva do destino humano.

Originam-se acontecimentos como o desastre ecológico que acaba de se produzir no Golfo do México, que demonstram quão pouco podem os governos contra os que controlam o capital, que tanto nos Estados Unidos como na Europa são, através da economia em nosso planeta globalizado, os que decidem o destino dos povos. Tomemos como exemplo as medidas que partem do próprio Congresso dos Estados Unidos, publicadas pela mídia mais influente desse país e da Europa, tal como foram divulgadas na Internet, sem alterar uma palavra.

“Rádio e TV Martí mentem ao difundir informações sem fundamento, reconhece um relatório da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano que recomenda que ambas as estações sejam retiradas definitivamente de Miami e re-localizadas em Washington para se integrarem ‘plenamente’ ao aparelho propagandístico da Voz da América.

“Além de enganar seu público” […] “ambas as emissoras usam ‘uma linguagem ofensiva e incendiária’ que as desqualificam.

“Após 18 anos Rádio e TV Martí falharam ‘em penetrar de maneira sensível na sociedade cubana ou influenciar o governo cubano’…”

“O relatório divulgado nesta segunda-feira recomenda fusionar o Escritório de Transmissões para Cuba (OCB) – por suas siglas em inglês– com a Voz da América, a rádio oficial de propaganda do governo dos Estados Unidos.

“‘Problemas com o respeito das normas jornalísticas tradicionais, uma audiência minúscula, interferências radiais pelo Governo cubano, e alegações de nepotismo e compadrio têm afetado o programa desde o começo’, reconhece a Comissão presidida pelo Senador democrata John Kerry.”

"O comitê recomenda tirar urgentemente ambas as estações de Miami sublinhando a necessidade de contratar de maneira mais equilibrada o pessoal para conseguir um 'produto' despolitizado e profissional, valoram os senadores".

“O relatório Kerry faz referência a Alberto Mascaró, o sobrinho da esposa de Pedro Roig, Diretor Geral de Rádio e TV Martí, que foi contratado –graças a seu parente– de diretor do serviço latino-americano da Voz da América.

“O documento assinala pormenorizadamente como em fevereiro de 2007, o ex-diretor da programação de TV Martí, ‘conjuntamente com um parente de um membro do Congresso’ têm confessado sua culpabilidade em uma corte federal por ter recebido aproximadamente 112 000 dólares em comissões ilegais de parte de um empreiteiro da OCB. O ex-empregado da OCB foi sentenciado a 27 meses no cárcere e a pagar uma multa de 5 000 dólares por ter açambarcado ‘50 por cento de todo o dinheiro pagado por TV Martí para a produção de programas pela firma Perfect Image’.”

Até aqui o artigo de Jean Guy Allard aparecido no sítio Web de Telesul.

Outro artigo, dos professores norte-americanos Paul Drain e Michele Barry, da Universidade de Stanford (Califórnia), replicado no sítio de Internet Rebelião, informa:

“O bloqueio comercial norte-americano contra Cuba, promulgado depois que a revolução de Fidel Castro derrubasse o regime de Batista, alcança seus 50 anos em 2010. Seu objetivo explícito consistiu em ajudar o povo cubano a alcançar a democracia, mas um relatório de 2009 do Senado dos EEUU concluiu que ‘o bloqueio unilateral contra Cuba tem fracassado’.”

“…Apesar do bloqueio, Cuba tem obtido melhores avanços sanitários do que a maior parte dos países latino-americanos, comparáveis aos da maioria dos países desenvolvidos. Cuba tem a esperança média de vida mais alta (78,6 anos) e a maior densidade de médicos per capita, 59 médicos por 10.000 habitantes, bem como as taxas mais baixas de mortalidade em menores de um ano (5,0 por cada 1 000 crianças nascidas vivas), e de mortalidade infantil (7,0 por cada 1 000 crianças nascidas vivas) entre os 33 países latino-americanos e do Caribe.

“Em 2006, o governo cubano destinou uns 355 dólares per capita para a saúde” […] “O custo sanitário anual destinado a um cidadão dos EEUU foi nesse mesmo ano de 6 714 dólares […] Cuba também destinou menos fundos para a saúde do que a maioria dos países europeus. Porém os baixos custos em cuidados sanitários não explicam os sucessos de Cuba, que poderiam se atribuir ao maior esforço na prevenção de doenças e nos cuidados sanitários primários que a Ilha tem estado cultivando durante o bloqueio comercial norte-americano.

“Cuba possui um dos sistemas de cuidados sanitários primários preventivos mais avançados do mundo. Mediante a educação de sua população na prevenção da doença e na promoção da saúde, os cubanos dependem menos dos produtos médicos para manter sadia sua população. O contrário acontece nos EEUU, que depende enormemente de provisões médicas e tecnologias para manter sadia sua população, mas a um custo econômico bem elevado.”

“Cuba tem as taxas mais altas do mundo de vacinação e de partos atendidos por trabalhadores sanitários experientes. Os cuidados assistenciais dispensados nos consultórios, nas policlínicas e nos maiores hospitais regionais e nacionais são gratuitos para os pacientes…”

“Em março de 2010, o Congresso dos Estados Unidos da América tem apresentado um projeto de lei para fortalecer sistemas sanitários e alargar o envio de trabalhadores sanitários experientes a países em vias de desenvolvimento” […] “Cuba também continua enviando médicos a trabalhar em alguns dos países mais pobres do planeta, uma prática que se iniciou em 1961.”

“Na frente norte-americana interior, dado o recente impulso em apoio de uma reforma sanitária, existem oportunidades para aprender de Cuba válidas lições sobre como desenvolver um sistema sanitário verdadeiramente universal, que coloque ênfase nos cuidados primários. A adoção de algumas das políticas sanitárias mais sucedidas de Cuba poderia ser o primeiro passo rumo a uma normalização das relações. O Congresso poderia encarregar o Instituto de Medicina que estudasse os sucessos do sistema sanitário cubano e como iniciar uma nova era de cooperação entre os cientistas norte-americanos e cubanos.”

Por sua vez, o portal de notícias Tribuna Latina publicou recentemente um artigo sobre a nova Lei de Imigração em Arizona:

“Em conformidade com uma sondagem que publicam a cadeia CBS e o jornal ‘The New York Times’, 51 por cento consideram que a lei é o enfoque adequado relativamente à imigração, enquanto 9 por cento consideram que se deveria ir ainda mais longe nesta matéria. Frente a eles, 36 por cento consideram que em Arizona foi-se ‘longe demais’.”

“…dois de cada três republicanos apóiam a medida” […] “ao passo que apenas 38 por cento dos democratas se mostram em favor da lei…”

“Por outro lado, um de cada dois reconhece que é ‘bem provável’ que como conseqüência desta norma sejam apreendidas ‘pessoas de determinados grupos raciais ou étnicos com mais freqüência do que a outras’ e 78 por cento reconhece que suporá uma maior carga para a Polícia.

“Outrossim, 70 por cento consideram provável que como consequência desta medida o número de residentes ilegais e a chegada de novos imigrantes ao país se reduza…”

Na quinta-feira 6 de maio de 2010, sob o título de “Arizona: Um morto de fome com presunções”, foi publicado um artigo da jornalista Vicky Peláez em Argenpress, que começa recordando uma frase de Franklin D. Roosevelt: “Lembre-se, lembre-se sempre, que todos nós somos descendentes de imigrantes e revolucionários.”

É um documento tão bem elaborado que não quero concluir esta Reflexão sem incluí-lo.

“As marchas multitudinárias deste 1 de maio, em repúdio à nefasta lei anti-imigrante aprovada em Arizona, estremeceram a toda América do Norte. Ao mesmo tempo, milhares de estadunidenses, políticos, juristas, artistas, organizações cívicas exigiram ao governo federal declarar inconstitucional a lei SB1070 que tem semelhança com leis da Alemanha nazi ou da África do Sul em tempos do apartheid.

“Contudo, apesar da forte pressão contra a nefasta lei, nem seu governo, nem 70 por cento dos habitantes desse Estado não querem aceitar a gravidade da situação que criaram para usar os indocumentados como culpados da severa crise econômica que estão atravessando. Enquanto pedem dinheiro a Barack Obama para pagar 15 mil policiais, estão radicalizando sua política racista. A governadora Jan Brewer declarou que ‘a imigração ilegal implica o aumento do crime e o surgimento do terrorismo no Estado’.

“Igualar os indocumentados com terroristas, autoriza à polícia a disparar contra pessoas só pela cor de sua pele, por sua vestimenta, pelo que levam nas mãos ou até por sua forma de caminhar. Sem dúvida alguma, afetará também os 280,000 americanos nativos que vivem marginalizados e em extrema pobreza como as outras minorias, para além dos hispanos, que encontraram refúgio e o trabalho nesta zona árida dos EE.UU.

“Seguindo o republicano, Pat Buchanan que diz: ‘Os Estados Unidos devem tornar mais forte a cruzada pela libertação da América do Norte das hordas bárbaras de esfomeados estrangeiros portadores de doenças exóticas’, a governadora Brewer, depois de arremeter contra indocumentados jornaleiros, operários da construção, empregadas domésticas, jardineiros, trabalhadores de limpeza, encaminhou sua campanha contra os professores de origem hispana.

“Conforme seu novo decreto, os professores com um sotaque marcado não poderão ensinar nas escolas. Mas ali não conclui sua cruzada porque a ‘limpeza étnica’ em todos os tempos históricos sempre esteve acompanhada pela ideologia. A partir de agora os ‘estudos e projetos étnicos’ ficam abolidos nas escolas".

Também proíbem o ensinamento de temas que podem promover ressentimento para com uma raça ou classe social. Isto implica politizar o conhecimento, convertendo os mitos criados pelo sistema norte-americano em realidade. Também significa desterrar os pensadores mais respeitados nos EEUU, como Alexis de Tocqueville que dizia em 1835 que ‘o lugar onde um anglo-americano coloca sua bota fica para sempre como seu. A província de Texas ainda pertence aos mexicanos, mas dentro em breve não haverá um mexicano ali. E assim acontecerá com qualquer outro lugar’.

“A única consciência dos racistas é o ódio e única arma para vencê-lo é a solidariedade dos homens. Este estado já foi vencido quando se negou a dar feriado o dia de Martín Luther King, o boicote foi sólido e contundente...”




Fidel Castro Ruz

http://www.patrialatina.com.br/colunaconteudo.php?idprog=07042ac7d03d3b9911a00da43ce0079a&cod=1460


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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sábado, 8 de maio de 2010

Alagoas: Deputados taturanas podem ser afastados novamente da Assembleia Legislativa

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Taturana: Deputados devem ser novamente afastados

Cada Minuto

Diante da eleição que se aproxima, uma preocupação começa perturbar os deputados envolvidos na Operação Taturana, que investigou um esquema de desvio de verbas na Assembléia Legislativa de Alagoas envolvendo 12 deputados e funcionários do local. No total, R$ 300 milhões foram desviados.

O juiz Gustavo Lima retorna ao caso e pode novamente pedir o afastamento, já que o retorno dos deputados aconteceu após uma decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes que suspendeu a liminar que afastava os parlamentares.

Atualmente seis ações estão tramitando no Supremo Tribunal Federal, sendo que cinco delas são civis públicas e uma cautelar que pede o afastamento dos envolvidos. Para Gustavo Lima, toda documentação dos processos devem retornar nos próximos dias já que a relatora realizou a leitura em plenário.

"Os deputados só retornaram após uma decisão monocrática do Ministro Gilmar Mendes, Agora voltando ao processo, vou analisar se concordo ou não com a decisão do ministro", explicou Gustavo Lima.

O acórdão do supremo já foi publicado, na terça-feira (04) e o magistrado espera ter acesso novamente aos processos para recomeçar os trabalhos. "O primeiro que vou analisar é a cautelar, por isso não descarto a possibilidade de afastamentos dos deputados acusados", destacou Lima.

Taturanas

Eram aproximadamente cinco horas da manhã do dia 06 de dezembro de 2007, fazia pouco tempo que a Polícia Federal estava sob nova coordenação e o que parecia ser uma quinta-feira qualquer era na verdade o início de um novo capítulo na história recente de Alagoas

Já na primeira coletiva, o superintendente José Pinto de Luna e o delegado responsável pela operação Janderlier Gomes, começaram a explicar que as investigações apontam desvio de R$ 302 milhões dos cofres do Legislativo.

No final de março de 2008, em decisão inédita e histórica, Antonio Sapucaia determinou o afastamento do mandato de 10 deputados indiciados pela Operação Taturana. O Procurador Geral de Justiça Coaracy Fonseca e o desembargador Antonio Sapucaia passaram então a receber ameaças de morte.

O delegado Janderlier Gomes, em um trabalho desgastante, entregou o inquérito a Justiça, nele está contido, de acordo com a PF, provas irrefutáveis, gravações telefônicas, documentos , todas as comprovações necessárias sobre o esquema.

O inquérito, presidido pelo delegado Jandelyer Gomes, teve como resultado 10 indiciados, entre eles um conselheiro do Tribunal de Contas, 15 deputados, 11 ex-deputados, dois prefeitos, três secretários municipais, cinco candidatos nas últimas eleições, seis bancários, 30 funcionários da ALE e 10 familiares de políticos.

Ao todo são 13 volumes de inquérito policial, 94.325 páginas, 233 laudos produzidos, 399 pessoas ouvidas e 30 carros apreendidos.

Após Quinze meses de afastamento, oito deputados que tiveram seu afastamento decretado, dois já haviam retornado em Janeiro de 2009, retornaram aos cargos no dia 12 de julho deste ano após uma decisão do presidente do STF , Gilmar Mendes.

Os deputados Antonio Albuquerque, João Beltrão, Cícero Ferro, Arthur Lira, Nelito Gomes de Barros, Isnaldo Bulhões Junior, Dudu Albuquerque, Marcos Ferreira, Edival Gaia Filho e Maurício Tavares estão hoje na Assembléia Legislativa e todos são candidatos a reeleição em 2010


http://www.alagoasnanet.com.br/site/index.php?p=noticias_ver&id=1332
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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