sábado, 13 de junho de 2009

"Bichos escrotos, saiam do esgoto"

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Laerte Braga


A meteórica carreira do embaixador Flecha de Lima acaba de ser explicada numa decisão da justiça da Bahia. O tribunal de justiça daquele estado recusou o pedido, feito em segredo de justiça, da embaixatriz Lúcia Flecha de Lima que pretendia a exumação do corpo do senador Antônio Carlos Magalhães. Simples. Lúcia queria amostras do DNA de ACM para provar que um dos seus filhos fora gerado – opa! – pelo senador e proprietário da Bahia por muitos anos.

A notável dama, amiga inseparável da princesa Diana, figura imprescindível nas colunas sociais brasileiras, conseguiu através de ACM que o marido fosse embaixador entre outros países, nos Estados Unidos. À época o embaixador/marido se opôs a ação, mas o patrimônio deixado pelo senador, dois bilhões de reais, acabou falando mais alto. Diga-se de passagem que cabe recurso da decisão dos juízes baianos, mas... Nem sei se o embaixador é vivo ainda. A embaixatriz é. Vivíssima.

Chico Buarque de Holanda em sua fascinante “Ópera do Malandro” trata da junção de ricos capitalistas, com ricos cafetões, todos para fundar um banco em Minas Gerais –. Isso no tempo que Minas tinha banco e Aécio não era governador – e lógico, para não deixar as donzelas desamparadas, bordel em alto estilo, com sexo high tech, industrializado, no melhor da tecnologia neoliberal.

Ninguém fica desamparado nessa história. Por ironia, como recebi a notícia, o filho da embaixatriz, que abria os salões da embaixada do Brasil em Washington para receber príncipes, banqueiros, senadores (lógico), presidentes, é um clone perfeito do deputado Luís Eduardo Magalhães, filho legítimo de ACM e morto por conta de um infarto.

Paulo Tarso Flecha de Lima nasceu em BH, hoje aposentado, se é que está vivo ainda, tem uma empresa de consultoria e ao que se saiba, ao contrário de Gérson e Rita Camata não tem nenhuma parceria com Aécio. Só com ACM. Foi embaixador em Londres, Roma e Washington. Era um dos diletos do esquema de Felipe Lampreia, ministro das Relações Exteriores do governo de FHC e sócio do presidente no que chamam cara metade. A dele Lampreia.


“Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado...”


Ou como disse certa noite, madrugada melhor dizendo, ao ser visto saindo pela porta dos fundos do apartamento do senador vizinho, falo do senador Sarney. “Não quis fazer barulho, assim não acordo ninguém”. Só não explicou o porque. Esse troço de fundos está virando doença no Brasil. Gilmar Mendes só recebe pelos fundos. De preferência fundos italianos.


Vida privada? Baixaria? Tudo bem, desde que com o dinheiro deles. Mas com o dinheiro público? O reajuste dos aposentados não sai nem a fórceps. Na foto a dama sorridente e feliz com o meio irmão de Luís Eduardo Magalhães. Não foram poucas as vezes que a imprensa brasileira registrou viagens urgentes da embaixatriz de Washington a Londres, às custas do dinheiro público, para aconselhar e fazer companhia à princesa Diana, quando nas crises de depressão de sua alteza real.

Era motivo de glória patriótica. O Brasil consolando a coroa britânica.

Conselho aos que ainda estão por aqui. Antes que o senador José Sarney parta dessa para a melhor – te esconjura Satanás – é bom subornar o barbeiro do dito cujo, nos momentos em que for pintar o cabelo – deve usar Grecin –, arrancar um fio e guardar para futuros exames de DNA. Ou nos momentos que FHC for tomar seus vinhos franceses nos restaurantes de vinhos a mil reais a garrafa, aproveitar o ensejo e buscar elementos fundamentais a futuros DNAs.

No frigir dos ovos desses exames muitos bilhões de reais sumidos dos cofres públicos irão aparecer em promoções, nomeações, viagens, um monte de decisões de alto nível pela República e Renan Calheiros nessa história vai parecer aprendiz.


Fatos como esses não vão ser divulgados no JORNAL NACIONAL. Bonner vai preocupar-se com o nosso “falecido sócio ACM” e tratar de preservar sua memória. Deve dizer de forma ufanística que o presidente do Irã está procurando uma bomba atômica para destruir a família, a propriedade e a democracia e que o aeroporto de Teerã não é seguro, pois não tem ranhuras nas pistas de decolagem e aterissagem. Lampreia, em seu blog, já reclamou do convite feito pelo governo brasileiro ao iraniano e pergunta por que e para que?

Claro, deve preferir o príncipe Charles.

Eu tenho para mim que é preciso uma investigação profunda sobre o senador Antônio Carlos Magalhães. ACM não nasceu na Bahia. E dou logo uma pista, era amigo pessoal de Juscelino, a despeito de ser da UDN. Mais me parece o personagem do Ziraldo, que é mineiro, falo do “Mineirim”, o “come quieto”.

E dos tempos da revista ALTEROSA, que andava brigando por circulação com O CRUZEIRO.

"Bichos Escrotos
Saiam dos esgotos
Bichos Escrotos
Venham enfeitar
Meu lar!
Meu jantar!
Meu nobre paladar!..."


Os versos em questão, espalhados pelo texto, são de Nando Reis, Arnaldo Antunes e Sérgio Britto, gravação dos Titãs.

Olha e essa turma que tome cuidado com o senador pastel Eduardo Azeredo. Cansado de ficar de castigo com o rosto voltado para parede (para que não possa enxergar nada) o senador anda dizendo por aí que se abrir o bico cai meia República tucana. É bom arrumar logo um lugar para o dito cujo, uma embaixada, uma diretoria de banco, um conselho assim que nem José Serra arrumou para o ex-honesto Roberto Freire. Se o senador abre de fato a boca o jeito vai ser encher o Senado de Incitatus. Não falam, só relincham. Não sobra nada.

É que quando a turma descuidava o senador virava correndo e dava uma olhadela. O que viu, sabe e pode contar é de arrepiar. E como tem grana no meio do negócio. Um exemplinho bobo, vamos lá, a privatização do setor de telefonia, o que a antiga TELEMAR levou nos arranjos do irmão de Jereissati e do próprio senador Corruptasso, o que agora quer desmoralizar e vender a PETROBRAS.

É o esgoto onde essa turma anda.

É a conta que pagamos

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Postado na REPÚBLICA VERMELHA
http://republicavermelha.blogspot.com/2009/06/lucia-flecha-de-lima-bichos-escrotos.html


PressAA

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