Repórter da Globo que teve filho com FHC (há 18 anos) era qualificada para ser correspondente?
por Luiz Carlos Azenha
Há duas possibilidades.
1. Miriam Dutra pediu para sair do Brasil. E era qualificada para ser correspondente internacional.
2. Miriam Dutra não era qualificada, pediu para sair do Brasil e foi atendida.
Se a primeira resposta é a verdadeira, cabe perguntar:
1a. Quantas reportagens ela fez para o Bom Dia Brasil, o jornal Hoje, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo, no cargo de correspondente?
2a. Qual é a comparação que se faz entre o trabalho dela como correspondente e o dos outros correspondentes da emissora?
Se ela fez tantas reportagens quanto qualquer outro correspondente não há porque acreditar que houve favorecimento.
Caso contrário, houve favorecimento. Se houve favorecimento, por que?
Se a jornalista não era qualificada e ganhou o cargo, cabe perguntar: houve interferência externa à TV Globo? Quem decidiu? FHC interferiu no processo, direta ou indiretamente? Quem decidiu na Globo consultou Roberto Marinho? Ao consultar o jornalista Roberto Marinho, contou a ele tratar-se da repórter que teve um filho com FHC? O jornalista Roberto Marinho, nesse caso, esqueceu que era jornalista? O que a TV Globo recebeu em troca?
Simples assim.
http://www.viomundo.com.br/opiniao/reporter-da-globo-que-teve-filho-com-fhc-ha-18-anos-era-qualificada-para-ser-correspondente/
Brasil
Garanhão
Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2006.
Indicaram-me um artigo publicado no Centro de Mídia Independente (CMI-Brasil) (1) intitulado "Fernandão, o garanhão". Aí me arrepiei! Pensei: "Pronto, descobriram que como todas! E agora?! Como vou me explicar lá em casa?!". Corri o mouse com a mão nervosa e abri a página. Para tranqüilidade geral da minha prole, que não vai ter que dividir os minguados caraminguás com os quais a mantenho com um filho adulterino que, por descuido, eu pudesse ter feito numas coxas que se me ofereceram generosamente, tratava-se de outro Fernandão garanhão: "As relações globais do nosso querido ex-presidente", abre o artigo assinado por Waldir Leite - jornalista.
Ele nos conta que em 16 e 17 de setembro (não cita o ano, mas a matéria foi postada no CMI-Brasil em 10/02/2003) realizou-se no Fórum da Cidade do Rio de Janeiro o seminário DEMOCRACIA, IMPRENSA E JUDICIÁRIO, promovido pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro. Os participantes do evento resolveram colocar na pauta de discussão "a forma como a imprensa brasileira é [era] condescendente com o Presidente da República". E foi sob esse tema que "...um jurista citou como exemplo de conivência jornalística o romance do presidente Fernando Henrique Cardoso com a jornalista da TV Globo Miriam Dutra". Até aí, não considerei propriamente "um exemplo de conivência jornalística"; mesmo me lembrando do caso da ex-companheira de Lula explorada pela campanha do seu adversário nas eleições de 1989, com a conivência dos mais poderosos órgãos da imprensa nacional, pois se tratava de um caso pessoal, e respeito a vida privada das pessoas.
"Muitos advogados presentes ao evento não sabiam do fato e reagiram com surpresa e indignação quando um jornalista afirmou que toda a imprensa brasileira sabe disso. E nesses oito anos de governo ninguém tocou no assunto."
Inveja desses advogados! - imaginei - Tudo morrendo de inveja do garanhão FHC.
- Deixem o comeketo em paz, rapazes! Façam como ele: vão à luta!
Continuei a leitura.
"Muito antes de ser presidente, Fernando Henrique sempre foi um conhecido garanhão da política brasileira. As mulheres sempre ficaram encantadas com o seu charme e sua pose de estadista [existe mau gosto pra tudo]. Em Brasília, o escritório de FHC também era utilizado como garçoniere, para usar uma expressão da geração dele. Era no escritório-garçoniére que o então candidato à Presidência da República mantinha encontros com uma de suas amantes, a correspondente da TV Globo em Brasília Miriam Dutra. Quando FHC cresceu nas pesquisas para presidente, a ambiciosa jornalista, pensando no seu futuro pessoal e profissional aplicou aquele velho golpe que louras oxigenadas costumam dar em pagodeiros e jogadores de futebol. Deu uma chave de b.... em FHC e engravidou. A ardilosa jornalista passou a carregar um furo de reportagem em seu próprio ventre. Um filho daquele que seria o próximo presidente da República do Brasil."
Aí a coisa realmente mudou de figura, apesar de ainda se manter, a meu ver, no âmbito pessoal... privado, para usar um termo mais ao gosto de Sua ex-Excelência.
"Ao saber que a amante estava grávida Fernando Henrique entrou em pânico. Afinal, como diria outro Fernando [não sou eu, juro!], aquilo era nitroglicerina pura. FHC tentou convencer a amante a fazer um aborto, mas ela riu da cara dele. A mulher não ia jogar fora o seu pé de meia. Sua caderneta de poupança. Foi aí que entrou em ação a operação abafa. Como ela era correspondente da Globo, imediatamente foi transferida para a Espanha, com um salário milionário, sem obrigação de fazer nada. Apenas ficar calada e quietinha, cuidando do filho bastardo do presidente."
Diz o autor que os advogados que participavam do seminário arriaram o queixo com aquela história. Ninguém entendia por que a imprensa jamais havia tratado do assunto, afinal, a história envolvia o presidente da República. Logo devem ter relacionado o caso com o de Lula na disputa com Collor, uma tremenda sacanagem que fizeram com o candidato do PT. Também devem ter-se lembrado de Bill Clinton sendo quase linchado por causa de um simples boquete da Mônica Lewinsky, enquanto aqui, nas nossas barbas, o FHC mandava uma barrigada na Miriam Dutra, jornalista da Rede Globo de Televisão, despachava a moça para a Espanha e ficava tudo na maior moita. Eu também não entendi o porquê de tanto abafa, nem como conseguiam isso. Mas existe uma teoria a respeito do silêncio.
Vejamos o que diz Kika Martins (2) a respeito do caso:
"Tomás Dutra Schmidt, filho não assumido de Fernando Henrique Cardoso e Miriam Dutra Schmidt (a Miriam Dutra, ex-repórter do Jornal Nacional em Brasília) nasceu no dia 26 de setembro de 1991, conforme certidão de nascimento do Cartório Marcelo Ribas (Brasília - DF). Vive hoje com sua mãe e tia em um dos mais caros e sofisticados bairros da Europa, em Barcelona. Agora se vocês querem saber como isso nunca foi notícia na grande imprensa, leiam Caros Amigos - ano IV número 37 - abril de 2000. A matéria é assinada por Palmério Dória e outros. O título é: "Um fato jornalístico".
A pergunta é quanto custou este silêncio. A portaria do Ministério da Fazenda 04/1994, por exemplo, que isenta todos os meios de comunicação "e sua cadeia produtiva" da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] é só um começo de conversa. E o Proer da Mídia no final do ano 2000 custou US$ 3 bilhões ou US$ 6 bilhões, um ajuste de contrato. Agora bom mesmo é procurar no Siafi o quanto foi efetivamente gasto em propaganda no Orçamento Federal de 1994 a 2002".
Bom, acho que a conivência está, em parte, explicada. Mas que custou caro pra todos nós, isso é verdade. É por essa e por outras que a contribuição provisória (CPMF) foi reajustada no governo FHC: para cobrir isenções providenciais. Até parece que todos nós, brasileiros e brasileiras, somos pais dessa criança.
(1) http://brasil.indymedia.org/pt/blue/2003/02/247327.shtml
(2) www.kikamartins.blogspot.com
http://www.lainsignia.org/2006/febrero/ibe_033.htm
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A cara de pau de Josias de Souza (e o filho de FHC)
por Luiz Carlos Azenha
O texto de Josias de Souza sobre a decisão de FHC de reconhecer o filho com a jornalista da TV Globo omite todas as questões essenciais:
1. Por que a mídia poupou FHC durante 18 anos, se o nascimento do filho era um segredo de Polichinelo?
2. Por que soubemos do filho de Renan Calheiros com uma jornalista quando a criança era bebê, mas do filho de FHC só soubemos "oficialmente" depois de 18 anos?
3. Por que soubemos da suspeita de que uma empreiteira ajudava a sustentar o filho bebê de Renan Calheiros mas nada soubemos sobre quem pagou as contas do filho de FHC durante 18 anos?
4. Quem pagou para manter o filho e a mãe do filho de FHC exilados na Europa durante 18 anos?
5. FHC comprou o silêncio da mídia?
6. A Globo recebeu vantagens para exilar mãe e filho na Europa?
7. O senador FHC exilou mãe e filho para poder concorrer à Presidência?
O texto de Josias de Souza a respeito é um exemplo acabado de jornalismo vagabundo. Ele apresenta um elenco de casos históricos, a maioria dos quais não tem qualquer similitude com o de FHC.
Ele não diz que a "aventura" de Lula foi de um homem então viúvo e que o Jornal Nacional, em 1989, colocou no ar uma reportagem com Miriam, a mãe de Lurian, acusando Lula de ter pedido que ela abortasse a filha, denúncia depois incluída também na propaganda eleitoral de Fernando Collor de Melo. Na ocasião, o jornal O Globo chegou a escrever um editorial pregando que o eleitor tinha O Direito de Saber.
Ninguém, de fato, está livre de seus "impulsos biológicos". Porém, pessoas distintas reagem de formas distintas. Alguns dão nome aos filhos, outros permitem que a criança seja registrada como de pai desconhecido (FHC), exilam mãe e filho na Europa (FHC) e contam com o acobertamento da mídia durante 18 anos (FHC).
Por que?
Segue o texto:
FHC vai reconhecer filho que teve fora do casamento
Fernando Henrique Cardoso decidiu reconhecer formalmente o filho que teve com a jornalista Mirian Dutra, da TV Globo. Deve-se a informação à repórter Mônica Bergamo. A notícia encontra-se nas páginas da Folha, edição deste domingo (15). Tomas Dutra Schmidt tem, hoje, 18 anos. Depois de consultar advogados, FHC voou, na semana passada, para Madri. É na capital espanhola que reside Miriam Dutra. Ouvido, FHC negou que tenha viajado para cuidar do papelório do filho.
Apresentou como motivo da viagem uma reunião do Clube de Madri. Procurada, Miriam resguardou-se: "Quem deve falar sobre este assunto é ele e a família dele. Não sou uma pessoa pública". A repórter e o ex-presidente tiveram um caso amoroso na década de 90. Ele era senador. Ela trabalhava na sucursal brasiliense da TV Globo. Do relacionamento resultou um filho. Nasceu em 1991. FHC e Mirian acordaram guardar segredo do episódio, mantendo-o na seara privada.
FHC era casado com Ruth Cardoso, com quem tivera outros três filhos: Luciana, Paulo Henrique e Beatriz.. Em 1992, Miriam deixou o Brasil. Virou “correspondente” da Globo em Lisboa. Antes de assentar-se em Madri, passara por Barcelona e Londres. Em 1993, convertido em ministro da Fazenda de Itamar Franco, FHC viu o sigilo sobre o filho extraconjugal converter-se num segredo de polichinelo. O nome de Thomas já corria de boca em boca nos subterrâneos da política. A despeito disso, Miriam sempre guardou zeloso silêncio.
FHC não se furtou a contribuir financeiramente para o sustento de Tomas. No curso dos dois mandatos como presidente, encontrou Tomás uma vez por ano.
Fora do Planalto, FHC passou a encontrar-se com o filho mais amiúde. No ano passado, participou da formatura de Tomas no Imperial College, em Londres. Hoje, Tomas mora nos EUA. Estuda Relações Internacionais na George Washington University. Informações de alcova sempre se imiscuíram no cotidiano da política.
Nos EUA, Clinton viu-se imerso numa crise nascida de um caso com uma ex-estagiária da Casa Branca. Antes, houve Kennedy, que se dividira entre Jacqueline e Marilyn. Houve também Roosevelt, que oscilara entre Eleanor e uma secretária. Na França, só à beira da morte Mitterrand trouxera à luz a amante Anne Pingeot, reconhecendo-lhe a filha. Entre nós, histórias de lençol são injetadas na biografia de homens públicos desde o Império.
Dom Pedro 1º impôs à imperatriz Leopoldina a marquesa de Santos, sua amante. Livro de João Pinheiro Neto menciona o amor secreto de Juscelino por Maria Lúcia Pedroso. Os diários de Getúlio Vargas falam de uma "bem-amada." Em 89, Collor trouxe para o centro da arena eleitoral Lurian, filha de uma aventura de Lula. Os petistas reclamaram da "baixaria". E logo se descobriria que Collor recusava-se, ele próprio, a emprestar o nome a um filho gerado fora do casamento.
No início de agosto de 1998, o PDT, então incorporado à coligação que dava suporte à candidatura presidencial de Lula recorrera ao mesmo expediente sujo. O partido de Brizola, vice na chapa do PT, lançara em sua página na internet artigo sobre o filho de FHC com a jornalista. Diferentemente do que ocorre nos EUA, no Brasil a conduta sexual não costuma ser levada em conta na hora da escolha de um presidente. Melhor assim, diga-se. O político, como o advogado, o jornalista, o operário ou qualquer outro, não está livre de seus impulsos biológicos.
É tolice associar a pulsão sexual ao desempenho funcional. Busca-se um presidente, não um santo. Apesar disso, os políticos brasileiros sempre hesitam em reconhecer a paternidade de filhos gerados fora do casamento. No caso de FHC, a hesitação durou quase duas décadas.
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PressAA
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