sábado, 21 de novembro de 2009

Suplicy lança eficiente tática contrarrevolucionária, atualizada pelo Novo Acordo Ortográfico

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LANÇAMENTO DO LIVRO DA MERCENÁRIA - A BURGUESIA REUNIDA E A PRESENÇA PATÉTICA DO SENADOR SUPLICY

Publicamos aqui o Relato dos Solidários paulistas, que estiveram presentes ao lançamento do livro da mercenária Yoani Sánchez, em São Paulo.

MOVIMENTO PAULISTA DE SOLIDARIEDADE A CUBA
contato@solidariedadeacuba.org.br

No dia 06 de novembro, o Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba compareceu ao lançamento do livro de Yoani Sanchéz, em São Paulo, na Livraria Cultura que fica no Conjunto Nacional, na Av Paulista. A expectativa do movimento era obter mais informações sobre a autora e sua obra, bem como garantir o debate de idéias.

Abaixo um relato que tenta expressar o que foi o evento.

A MESA

Havia uma mesa de trabalhos, composta pelo jornalista Eugênio Bucci e pelo senador Eduardo Suplicy, mediada pelo editor da Contexto, o historiador e professor da USP, o senhor Jaime Pinsky.

O PÚBLICO

O público presente parecia bastante homogêneo, característico dos freqüentadores do espaço mercadológico-cultural da avenida Paulista. O evento começou com cerca de 30 pessoas e, em seu momento "alto" por assim dizer, contava com cerca de 70 pessoas, incluindo, aproximadamente, 15 pessoas ligadas a solidariedade a Cuba em São Paulo.

A aparência geral era de um público majoritariamente de pessoas com média entre 35 e 50 anos, com meia dúzia de jovens e nenhuma pessoa negra. Evidentemente tratava-se da pseudo-intelectualizada classe média paulistana, confortavelmente ambientada em um de seus redutos culturais.

ABERTURA E A POSIÇÃO DA CONTEXTO

O evento começou com um vídeo focado na pessoa de Yoani, com claros traços de um marketing que produz a imagem de uma personagem digna, autônoma e de mártir, que estaria subjugada ao regime “ditatorial” de Cuba. O vídeo simplesmente reforça a imagem construída pela mídia burguesa sobre a blogueira, absolutamente desprovido de crítica.

Após o vídeo, veio a fala introdutória Jaime Pinski, editor da Contexto.

A fala de Pisky foi marcada pela superficialidade de conteúdo e pelo tom jocoso de sua expressão. Fez uma apresentação bastante coerente com a tônica do livro, que buscou transparecer um pretenso distanciamento do discurso político, se apoiando no descaracterizado conceito de “cotidiano” da vida em Cuba.

Não obstante a pretendida sublimação da política, não faltaram as referências insinuadas ao ambiente de “repressão” e de “ditadura” reinantes na Ilha. Em vários momentos a fala de Pinski acercou-se do ridículo, principalmente quando tentou pintar a imagem de uma Yoani casta e pura, que se apresentou como uma moça “de família” temente aos males que feririam a honra ao ter que se hospedar em “hotéis” no Brasil, caso viesse ao lançamento do livro.

Tentando disfarçar o posicionamento nitidamente reacionário, o “intelectual” fez coro à centena de premiações da autora, elevando o panfleto jornalístico da blogueira (fluido, envolvente e bem formatado, diga-se) ao status de “história do cotidiano”, o que nos parece um abuso destituído do rigor que se esperaria de um historiador.

O tom cínico e arrogante de Pisky chegou a ser irritante. Pelo posto acadêmico que ocupa, esperaríamos uma postura mais crítica e um discurso mais substancial, que tentasse, ao menos, inserir o suposto “cotidiano” de Cuba em seu rico e complexo contexto histórico. Mais uma vez se tenta "reescrever" a história cubana, sob a ótica burguesa, é claro.

FALA DO SENADOR EDUARDO SUPLICY

O discurso do senador Suplicy não ficou muito atrás, pecando pela falta de consistência, pela incapacidade de crítica e pelo tom rasteiro e jocoso (ainda que sem graça) de sua linguagem.

Entretanto, bastante coerente com a postura patética que tem marcado suas últimas aparições na mídia.

Em lugar do olhar crítico sobre as enormes dificuldades que enfrenta a revolução cubana, ao contrário, Suplicy expõe e ridiculariza Cuba, suas representações diplomáticas e o próprio partido dos trabalhadores, chegando ao desplante da falta de ética. Suplicy cumpriu papel muito melhor do que qualquer representante conservador e reacionário faria.

O senador dedicou praticamente todo o tempo da sua fala relatando detalhes de sua tentativa de trazer Yoani para o Brasil, sem sequer se preocupar em esclarecer sobre os normais trâmites burocráticos adotados por Cuba, em qualquer circunstância. O senador sequer se questionou se, realmente, a senhora Yoani teria interesse em se ausentar de Cuba, ou teria optado por mais uma peça do seu marketing pessoal. Aspectos da diplomacia e de política internacional estão ao alcance do discernimento do senador Suplicy. Talvez ele esteja mais capacitado para explicar a posição do Estado estadunidense que proíbe os cidadãos norteamericanos de pisarem em solo cubano (a menos que seja através das conhecidas botas manchadas de sangue nos costumeiros casos de invasão militar imperialista).

Com uma fala "sonsa", como que despretensiosa, cita encontro com o secretário geral do Ministério de Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, quem teria sugerido que ele, Suplicy, não fizesse o convite para a vinda de Yoani ao Brasil para não prejudicar as relações entre os dois países. Referiu-se também a conversa que manteve com o secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que o teria orientado a evitar o convite, pois isso poderia gerar problemas para o partido e para ele próprio. Acrescentou sobre conversa com Frei Betto e Eugênio Bucci e, ainda assim, julgou que tinha o "dever" de fazer o pronunciamento no senado e levar o convite para a Embaixada.

Chegou ao nível de afirmar que, para a homenagem aos 50 anos da revolução cubana, a ser realizada no dia 1º de dezembro, sugerirá a vinda de Yoani, em clara postura leviana de desrespeito diplomático, para se dizer o mínimo.

O senador tenta legitimar a sua fala dizendo que já esteve com Fidel, que já foi diversas vezes a Cuba, que já viu "coisas interessantes" mas que sempre se "preocupou com esta questão de liberdade para todos, liberdade de imprensa, de organização, de expressão” etc.

Em um momento Suplicy fez uma concessão a Cuba dizendo que lá há "coisas positivas" citando os estudantes brasileiros que fazem medicina na Ilha, mas ainda assim, neste contexto, ele respalda a posição tosca do Demétrio Magnoli que afirma serem bons os índices sociais cubanos desde antes da revolução cubana, durante a ditadura de Fulgêncio Batista, e que considera "muito significativo" o que Yoani escreve sobre o cotidiano da ilha. Em nenhum momento o senador pondera, ou pelo menos contextualiza Cuba dentro dos relatos da blogueira, ora limitados, ora mentirosos. Sequer o senador se preocupa em saber quem está sustentando a enorme campanha internacional midiática de Yoani.

Segundo Suplicy, o presidente estadual do PT, Edinho Silva, teria sugerido a ele uma visita ao Cônsul de Cuba, pois este estaria “bravíssimo” com o senador (o que provocou risos jocosos no público). Suplicy disse que tentou ligar insistentemente no consulado, mas que é "tão difícil ligar lá" (o que fez Pinsky se divertir, cheio de ironia). Disse, ainda, que hoje [dia 06] resolveu ir até o Consulado em SP, mas que o Cônsul estava muito ocupado recebendo uma representante do Partido Comunista Cubano e não pode atendê-lo, o que levou Pinsky a se deliciar em ironia, com a complacência do “seleto” e inteligente público. Ali o senador Suplicy parecia entre os seus pares revelando a sua mais legítima herança dos Matarazzo que é.

NOSSA SAÍDA DO EVENTO

Finda a fala do senador, o próximo debatedor, Eugênio Bucci, começa a sua exposição agradecendo ao Suplicy por sua “coragem e bom coração". Neste momento Suplicy, lisonjeado pela fala de seus "pares" no palco daquela tragicômica comédia bufa, em um contexto de "rasgação de seda", resolve fazer uma piada sobre seu "bom coração" e uma situação com a apresentadora de programa de TV, Sabrina Sato, o que tornou aquele ambiente, definitivamente, insustentável, com a ridicularização completa do tema. Foi então que um dos companheiros que estava conosco levantou-se no meio do público e bradou algo parecido com "Sr. Senador, o senhor vir até aqui pra cumprir este papel ridículo, é demais. Vamos nos retirar dessa palhaçada". Sem alternativa, tendo em vista que a dinâmica do evento não previa debates, decidimos nos retirar, devido ao seu baixíssimo nível intelectual. Talvez, bem condizente com a publicação lançada.

Seguimos na luta. VENCEREMOS!

http://convencao2009.blogspot.com/2009/11/lancamento-do-livro-da-mercenaria.html

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PressAA

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