domingo, 21 de fevereiro de 2010

Em férias?!

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Antonio Ozaí da Silva

Nestes dias, meu amigo Walterego criticou-me pelo excesso de tempo à frente do PC e a navegar na Internet, sugerindo que estaria nas raias do vício, ou, simplesmente, uma clara demonstração de quem não tem o que fazer. Para amenizar, ele disse que era uma “crítica construtiva”. Ora, crítica é crítica. E a amizade pressupõe franqueza, ainda que magoe.

Compreendo o amigo Walterego e até penso que ele tem bons motivos para criticar. Basta um olhar pelas redes sociais que participo, como o Orkut e o Facebook. Devo ter batido o recorde de sugestões de vídeos, links, imagens incluídas, etc. Há, ainda, as newsletter e as dezenas de emails com informações, textos, análises, etc. Os meus “amigos Orkut” e do Facebook podem até imaginar, como insinuou Walterego, que não tenho coisa melhor a fazer ou que sou um desocupado. Se for acrescentado os blogs, os álbuns de fotos Picasa e Flickr, mais o Canal Youtube e o Twitter, etc., então, a crítica parece procedente.

Fico a pensar se o amigo Walterego tem razão. Às vezes, questiono-me sobre tudo isso. Será que vale a pena? Não será que estou a substituir o mundo real pelo virtual? Quanto poderia fazer se estivesse menos ocupado à frente do computador?

Os meus amigos reais, aqueles que conheço pessoalmente, também podem ser encontrados na Internet. E os que não aderiram ao Orkut e/ou Facebook não são fáceis de encontrar. Repletos de tarefas acadêmicas e enredados nas exigências do cotidiano, eles não têm tempo. Com ou sem Internet, parece que o tempo exauriu-se para todos.

O computador foi incorporado ao cotidiano e contribui para romper as fronteiras entre o espaço do lar, lazer e o lócus do trabalho. Na atividade docente, o PC transformou-se em extensão da sala de aula e dos espaços físicos da universidade. Continuamos a trabalhar, mesmo quando estamos em férias. É a produção acadêmica não reconhecida e que dificilmente será premiada com “bolsa produtividade”. Mas como, ainda que em férias, deixar de lado as tarefas editoriais que envolvem as revistas acadêmicas?

Sim, estou em férias! Pelo menos do ponto de vista formal-burocrático. E para curtir realmente este momento seria preciso desligar o computador, sumir por este mundo afora e não cair na tentação de levar Notebook ou celular. Que os emails acumulem! Que as revistas esperem e tudo que exigir ligar o computador e navegar pela Internet permaneça suspenso! Mas é preciso manter a periodicidade. E, pra ser sincero, o mundo virtual contribui para que as férias, já que não foi possível viajar, não sejam tão entediantes.

Peço ao amigo Walterego que não se deixe enganar pelas aparências. O tempo consumido em atividades internáuticas não é inútil, não é mero “passar o tempo”. É trabalho, lazer e militância amalgamados na práxis docente e intelectual. Observe, por exemplo, as imagens incluídas no Orkut, Facebook e nos álbuns. São fotos que informam e contribuem para a reflexão sobre os dilemas políticos, sociais, culturais da nossa época. Já os vídeos que assisti no Youtube, Portal Curtas e TV Câmara, entre outros sites, são elucidativos.

Não reclamo, gosto do que faço. Contenta-me viver num tempo em que a tecnologia torna possível essa viagem permanente pelo conhecimento. Mesmo que seja trabalho, também me divirto e procuro viver intensamente os momentos da vida em que não estou à frente da máquina. Sei dos limites e potencialidades da realidade virtual e não me restrinjo a ela.

Nas viagens internáuticas, seleciono textos, imagens, vídeos, links, etc., que contribuem com a atividade docente. Atualizo conteúdos, aprendo e me preparo para o ano letivo a iniciar. Não conheço os meus futuros alunos, mas já penso neles. Que as aulas retornem logo!

http://antoniozai.wordpress.com/2010/02/20/em-ferias/
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